Na primeira entrevista que concedeu após a realização do primeiro turno das eleições, ontem na sede do PMDB em Curitiba, o governador licenciado Roberto Requião (PMDB) chamou para o debate em rádio e televisão o adversário, o senador Osmar Dias (PDT). Requião disse que quer comparar biografias, propostas, condutas e idéias. ?Vamos dar um exemplo de disputa democrática para o Brasil?, afirmou o governador, que atribuiu a realização do segundo turno ao bombardeio de críticas feitas por Osmar, o senador Flávio Arns, candidato do PT, e Rubens Bueno, candidato do PPS, no horário eleitoral gratuito.
?Foram pesados ataques pessoais que colocaram dúvidas no eleitorado. Agora, todas essas dúvidas serão desfeitas?, disse o governador. Ele acusou o pedetista de ter se valido de outros candidatos para atingi-lo, a quem chamou de ?biombos?. O governador afirmou que quer debater com o senador Osmar Dias temas que foram excluídos do primeiro turno, como a privatização do Banestado, a Copel e a Sanepar, e também pretende comparar as alianças partidárias de cada um.
Sobre a sucessão presidencial, Requião disse que ainda não decidiu se irá apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, ou a reeleição do presidente Lula (PT). Afirmou que sua escolha irá depender da posição que cada candidato manifestar em relação ao Porto de Paranaguá e as pendências do estado com o Banco Itaú.
Mais tempo
Requião disse que ficou em desvantagem porque não conseguiu responder às acusações devido à falta de tempo no horário eleitoral gratuito. ?De mim ele não foge mais. E se fugir, vou buscá-lo?, afirmou. Com a igualdade de tempo estabelecida pela legislação eleitoral no segundo turno, dez minutos para cada candidato diariamente, Requião acha que irá recuperar a vantagem que exibia sobre o adversários nos primeiros meses da campanha e que o fez acreditar que venceria a eleição no primeiro turno. ?As infâmias agora vão ser respondidas olho por olho. Conheço profundamente o meu amigo Osmar Dias. E ele tem muitas coisas a explicar. Uma delas é como é que ficou tão rico em tão pouco tempo?, provocou Requião.
O governador licenciado afirmou que, no primeiro turno, os adversários tentaram falsear sua imagem. ?Tentaram mudar a minha imagem para uma imagem truculenta. Todos sabem quem é o truculento?, disse Requião. Ele citou como exemplo o caso dos vídeos em que se referia aos policiais militares que fazem a segurança da Granja do Canguiri e se dirigindo à funcionária de uma fábrica onde estava em campanha. ?São brincadeiras entre amigos que foram transformadas pela mídia em maldades sem que eu pudesse responder. Nós nos reunimos todos os sábados no Canguiri e costumamos dizer que somos um criame da fazenda. É uma brincadeira interna, que desonestamente foi flagrada por uma câmera de TV e colocada na mídia como uma coisa ofensiva?, disse Requião.
Sobre o vídeo em que pergunta a uma mulher se ela era casada, o governador explicou que uma cena isolada do contexto foi exibida pelo seu adversário; ?Quando eu cheguei na fábrica, disseram ?as mulheres todas aqui são apaixonadas por você?. Daí, me apresentei a elas e perguntei se eram casadas. Foi uma brincadeira que não ofendeu ninguém, mas a fita foi vendida e utilizada com uma má-fé terrível?, disse.
Senador diz estar pronto para o debate
O senador Osmar Dias (PDT) respondeu ao governador licenciado Roberto Requião (PMDB) que está pronto para debater com ele qualquer tema, desde que diga respeito ao que cada um irá fazer para melhorar o Paraná. ?O governador está me plagiando. Afinal, quem propôs ficar olho por olho no primeiro turno fui eu. A campanha é um debate permanente?, reagiu. Para o senador, Requião está invertendo as posições ao acusá-lo de usar outros candidatos para atacá-lo. ?Ele deve estar atordoado com o resultado de domingo porque quem contratou um laranja para bater em mim foi ele?, revidou Osmar.
Sobre sua história e patrimônio, o senador afirmou que não é esse o tipo de debate que o eleitor quer ver e ouvir. ?Tenho uma situação regular com a Receita. Ele (Requião) sabe de onde vem meus bens e patrimônio. Eu não vou ficar discutindo se o Requião tem apartamento em Paris, casa em Miami ou se o irmão dele, que dirige o Porto de Paranaguá, tem uma empresa de consultoria em Miami. Ele não vai me levar para o debate que não interessa à população?, declarou.