Requião não quer compor com partidos adversários

Reeleito com uma vantagem pequena de 10 mil e 479 votos, o governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que não pretende fazer composição com nenhum dos partidos que estavam com o adversário, o senador Osmar Dias (PDT), no próximo mandato. ?Minha única composição é com o povo do Paraná?, disse o governador, afirmando que nenhuma eleição no país mostrou um confronto entre duas propostas tão antagônicas como no Paraná.  

Durante uma entrevista coletiva tensa, em que a cada pergunta o governador atacou a cobertura que sua campanha recebeu dos veículos de comunicação estaduais e nacionais, Requião disse que as forças conservadoras do estado se uniram contra ele. ?Contra nós e a nossa proposta se uniram todos os interesses que contrariamos e os derrotados do governo anterior?, declarou Requião, que pretende reassumir o governo na próxima semana.

O governador reeleito disse que foi uma campanha dura, em que a estratégia dos adversários foi a de desconstruir a sua imagem e administração. ?Eles não tiveram limites. Negaram tudo de A a Z do que fizemos. Foi uma sucessão de mentiras?, afirmou Requião, que preferiu destacar várias vezes a aprovação ao seu governo, que segundo as pesquisas beira os 70%.

Descompasso

Requião foi eleito com 50,10% dos votos, o equivalente a 2.668.611 votos. Osmar Dias obteve 49,90% ou 2.658.132 votos. O governador questionou a diferença entre os números apontados pelas pesquisas de intenções de voto de boca de urna que davam a ele uma vantagem de seis pontos sobre o senador Osmar Dias. Uma das razões apontadas por ele é que o eleitor pode ter errado na ordem da votação, digitando primeiro o número do candidato à presidência da República, quando o correto era a opção para governador.

O governador reeleito também cogitou que pode ter havido o que chamou de um ?desvio padrão? de votos, em que os seis pontos de vantagem podem ter se transformado em 7% de votos nulos. ?Não tenho opinião formada sobre isso. Temos aí um caso para estudos?, comentou.

Sombra

Requião disse que, a partir de agora, irá exigir que os municípios identifiquem as obras financiadas pelo governo do estado. ?Só receberão recursos aqueles que colocarem um placa informando que os recursos foram a fundo perdido ou que foi um financiamento do governo?, afirmou o governador, que durante a campanha polemizou com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), sobre os investimentos que fez na cidade.

O presidente municipal do PMDB, Doático Santos, foi anunciado ontem pelo governador como o futuro assessor para assuntos relacionados a Curitiba. ?O Doático vai cuidar do Beto e de Curitiba. Aonde o Beto for o Doático vai atrás. Para ajudar. Para saber o que a cidade precisa?, afirmou.

Sobre seu relacionamento com o governo federal, o governador reeleito disse que assim como ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aprendeu muito durante o processo eleitoral e que as divergências serão eliminadas. ?Tenho certeza que o Lula fará um governo voltado ao desenvolvimento e à ética?, afirmou Requião. E emendou declarando que sempre soube que a compra de votos no Congresso Nacional, o chamado ?mensalão?, foi implantado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Antes de encerrar, o governador agradeceu à ala do PSDB que participou da sua campanha, liderada pelo governador em exercício, Hermas Brandão, que classificou como ?tucanos de bico vermelho?.

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