O governador eleito, senador Roberto Requião (PMDB), saiu da conversa que manteve ontem com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, convencido de que o relacionamento político-administrativo do Paraná com o governo federal será o melhor de sua história a partir do próximo ano.
Requião disse que fez uma visita de cortesia a Lula para levar o apoio do PMDB do Paraná ao presidente petista. Os dois não haviam conversado ainda após a realização do segundo turno das eleições. Requião repetiu a Lula que defende o apoio incondicional do seu partido ao governo federal e defendeu a realização de uma convenção nacional do PMDB para definir o apoio formal a Lula.
Requião disse estar certo de que o entrosamento político que tem com o presidente eleito irá se reproduzir no campo administrativo. “Jamais, o Paraná teve em sua história um entrosamento tão bom com o governo federal como terá a partir de agora. Vamos trabalhar juntos. O governo federal vai ajudar o governo do Paraná”, afirmou Requião.
O governador eleito disse que em nenhum momento do seu encontro com o presidente eleito os dois abordaram a participação do Paraná no futuro ministério de Lula. “Quero um governo bom para o Brasil. Se o Paraná for contemplado, ficarei satisfeito. Mas não há nenhum tipo de açodamento da nossa parte. O importante é que o Lula tenha ministros que ajudem ao país e ao Paraná, que executem o projeto do Lula. Não considero que um governo deva ser constituído geograficamente. Além disso, já estou mais do que satisfeito com o presidente”, afirmou.
Relacionamento
Requião destacou que seu bom relacionamento com o presidente eleito é antigo e que os dois mantêm uma relação de amizade. “Participei das últimas quatro campanhas eleitorais de Lula à Presidência da República e o presidente eleito pode contar comigo para executar os projetos defendidos na campanha que levam o Brasil ao desenvolvimento econômico”, afirmou.
No final do encontro, Lula agradeceu o apoio de Requião nos dois turnos da eleição. “Espero fazer grandes parcerias com o governo do Paraná, pois tenho no Estado e em seu governador eleito, um exemplo de seriedade e competência”. De acordo com a assessoria do governador eleito, Lula afirmou que o seu projeto para retomar o desenvolvimento econômico do Brasil passa por projetos regionais e os governadores serão fundamentais para essa nova fase. Para Lula, não é possível estabelecer um novo projeto para o país sem levar em conta as diferenças de cada região.
Senador pede que PMDB faça convenção
São Paulo
(AE) – O governador eleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse ontem que encaminhará aos presidentes de diretórios do partido o pedido de convocação para realização de uma convenção nacional. Após o encontro com um encontro de cerca de duas horas com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva Requião disse que espera o apoio da executiva nacional peemedebista para que a legenda ?reflita sobre o recente fracasso eleitoral e se reestruture para apoiar o governo de Lula?.Numa resposta às críticas feitas pelo presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), Requião disse que sua proposta ?não representa nenhum golpe?. ?Nossa posição não é golpista, a direção nacional do PMDB deveria ter mais humildade, sob o risco de o partido se desfazer.? E repetiu: ?Não é golpe, é cobrança.? Segundo Requião, o apoio do PMDB ao governo de Lula deve ser feita sem nenhuma reivindicação. ?Não devemos repetir adesão remunerada. Num primeiro momento, o PMDB deve se reestruturar para apoiar o novo governo e não reivindicar cargos. O PMDB tem uma crise interna e o PT estaria diante desse impasse, por isso, recomendaria que Lula esperasse primeiro o partido se reorganizar?, disse ele.
O governador eleito afirmou ainda que votaria em José Sarney (PMDB) para a presidência do Senado. ?Ele (Sarney) está acima do bem e do mal?, disse Requião, reiterando, porém, que o assunto não foi discutido no encontro que teve com o presidente eleito.
Incondicional
Requião afirmou ainda que o seu partido deve apoiar o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, sem pedir nada em troca. ?O adesismo remunerado deixou o partido numa situação muito ruim e enterrou o governo FHC também?, comentou. Apesar da garantia de que o PMDB não deve exigir cargos do novo governo, Roberto Requião disse que se o PMDB aderir às teses do Partido dos Trabalhadores poderá viabilizar a discussão sobre uma eventual participação no governo Lula. E disse mais uma vez : ?Temos que apoiar as teses e propostas e não negociar cargos. Assim, estaremos reconstruindo o PMDB como um partido de verdade.?
Na entrevista coletiva que concedeu após o encontro, Requião também defendeu o posicionamento do presidente eleito. ?O PMDB enfrenta hoje uma grande crise interna, por isso recomendaria Lula que esperasse primeiro o partido se reorganizar?, disse o governador eleito.
Tratamento será igual
São Paulo
(AE) – O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, terá uma reunião na segunda-feira (25), em Araxá (MG), com os governadores eleitos do PSDB, partido que promete fazer oposição ao seu governo. O encontro está sendo organizado pelo governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que vem mantendo relações mais estreitas com Lula.Aécio quer evitar que, no seu governo, venha a enfrentar problemas com o presidente eleito, o que prejudicaria seus projetos administrativos e as promessas de campanha feitas ao eleitorado mineiro.
De acordo com o porta-voz do presidente eleito, André Singer, a intenção de Lula é “reafirmar que em seu governo não haverá discriminação partidária”.
“Todos os governadores serão tratados por igual, independentemente do partido pelo qual foram eleitos”, disse Singer. “Tal como foi no encontro com Requião, Lula pretende afirmar que gostaria de governar em parceria com os governadores”, afirmou o porta-voz, referindo-se à reunião de hoje, em São Paulo, entre o presidente eleito e o governador eleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB).
Equipe sai em dezembro
São Paulo
– (AE) – O presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu ontem que estará com sua equipe de governo definida até o final da primeira quinzena de dezembro. Além da definição do prazo para o anúncio do seu ministério, Lula disse também que gostaria de contar, em seu governo, com a participação de setores do PMDB.As declarações foram feitas pelo presidente eleito no início da tarde de ontem, após encontro de cerca de duas horas com o governador eleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), no antigo comitê de campanha petista, na capital paulista. Ao comentar que gostaria de contar com setores do PMDB em seu governo, Lula destacou que pretende esperar que o partido resolva, primeiro, suas pendências internas.
Segundo o presidente eleito, o modelo de desenvolvimento que pretende implantar no País leva em conta o desenvolvimento regional. Por isso, considera essencial o apoio dos governadores eleitos. Ao falar sobre os apoios que está recebendo, Lula destacou: “Estamos vivendo um momento de maturidade das forças políticas que me apoiaram. Não estou recebendo nenhuma pressão e espero ter o máximo possível de representação política no nosso governo”, finalizou Lula.
Tebet exige definição
Brasília
(AE) – O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), deu ontem um ultimato sobre a data da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva: se até amanhã não estiver definida a data de aprovação da emenda que transfere a posse do presidente para o dia 6 de janeiro, o assunto será dado por encerrado. Quer dizer, que os convites a chefes de Estados e demais autoridades serão enviados mantendo-se a posse em 1º de janeiro, como está na Constituição.O advogado-geral da União, Bonifácio de Andrada, informou ontem também que se houver essa mudança na data de posse, a AGU entrará com recurso no Supremo Tribunal Federal. Na sua opinião, o mandato de um governante só poderá ser estendido por um plebiscito, por decisão direta do povo que o elegeu. “Se o Congresso acha que pode aumentar o mandato, poderá também diminuir, o que é perigoso para a democracia”. Uma palavra final do Supremo sobre essa polêmica é tudo que quer o presidente Fernando Henrique Cardoso de uma eventual concordância com a mudança da data de posse.
Esta tentativa parece mesmo fadada ao fracasso. O senador Tebet alegou que não pode mais esperar pela mudança da data, sem ter a certeza de que os deputados conseguirão votar a emenda num prazo viável para sua tramitação no Senado. “Se a Câmara não se pronunciar esta semana, não haverá mais tempo e amanhã eu vou bater o martelo, preparando tudo para o dia 1º”. Além dos convites, ele lembrou que estão em suspense os preparativos da Segurança e outras medidas que deverão ser adotadas pelo Itamaraty.
A intenção do presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG) é a de emendar uma proposta de mudança à Constituição do deputado José Genoíno (PT-SP), passando a posse dos governadores e presidente da República, respectivamente, para os dias 5 e 6 de janeiro. Na próxima sexta-feira, termina o prazo para os deputados emendarem o substitutivo do deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG), alterando a data. Sua votação na comissão está prevista para o dia 26. Será então submetida ao plenário, onde deverá ser votado dia 26, caso deputados do PSDB não cumpram a ameaça de exigir o cumprimento dos prazos regimentais. O segundo turno da votação está previsto para o dia 4 de dezembro.
Aliados discutem quadro
Agência Câmara
– As lideranças dos partidos aliados ao governo eleito do PT reuniram-se ontem cedo, no Espaço Cultural, para discutir a atual conjuntura de transição ao governo Lula e a eleição da Mesa da Câmara. Estiveram presentes líderes do PL, PSB, PC do B, PDT, PPS e PTB, além do líder do PT na Câmara, deputado João Paulo, e o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputado José Dirceu. De acordo com ele, o PT pretende manter a prática de ouvir as lideranças dos partidos que apoiam o governo eleito. O deputado José Dirceu disse que estão sendo feitos os entendimentos e definidos os critérios para a eleição do novo presidente da Câmara. De acordo com ele, deverá ser mantido o acordo já firmado de que caberá à maior bancada indicar o presidente da casa. Sobre a questão do aumento do salário mínimo, o presidente do PT explicou que o partido está trabalhando para evitar perda de receita e aumento de despesa. Para José Dirceu, o importante neste momento é evitar a pressão inflacionária e a subida dos juros, criando condições para o País poder começar a crescer em 2003. José Dirceu reafirmou o compromisso de campanha do PT, de dobrar o valor do salário mínimo em 4 anos. Mas ele não quis falar em valores para o próximo ano, dizendo que essa decisão ficará a cargo do futuro governo do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, e que o Congresso Nacional tem que criar as condições para garantir os recursos para cobrir as despesas da previdência e de outras propostas do governo que assume em janeiro de 2003. Sobre a mudança na data da posse do Presidente da República, o deputado José Dirceu informou que essa não é uma questão essencial e que o PT vai cumprir o que for decidido pelo Congresso Nacional. Ele garantiu, porém, que a posse de Lula será uma grande festa popular.