Requião: “A televisão pública
tem que servir á crítica”.

O governador Roberto Requião (PMDB) pretende encaminhar um pedido de providências, junto à Corregedoria da Justiça Eleitoral, contra o juiz da 1.ª Zona Eleitoral de Curitiba, D?Artagnan Serpa Sá.

Durante a reunião do secretariado realizada ontem de manhã, o governador levantou suspeitas sobre a decisão do juiz de proibir a TV Educativa de veicular reportagens com críticas ao candidato do PSDB à prefeitura de Curitiba, o vice-prefeito Beto Richa. O juiz atendeu a uma ação da coligação de Beto Richa e ameaçou aplicar multa diária de R$ 50 mil à TV, se a decisão for desrespeitada.

Para o governador, o juiz da 1.ª Zona tinha dois motivos para não julgar a ação. O primeiro, seria o fato de a matéria já ter sido analisada anteriormente pelo juiz Marco Antonio Antoniassi, da 4.ª Zona Eleitoral, que havia determinado o arquivamento do pedido dos tucanos. Além disso, o governador citou que o juiz D?Artagnan deveria ter se declarado impedido de atuar no caso, por ter trabalhado como segurança do ex-governador José Richa, pai do candidato do PSDB à prefeitura. José Richa foi governador do Paraná entre 83 e 86 e o juiz, segundo o governador, era oficial da Casa Militar.

A assessoria tucana informou que a ação foi motivada por repetidas intervenções do governador e seu secretariado, ao longo da programação da TVE, fazendo críticas ao candidato do PSDB à prefeitura. Requião reclamou que estão tentando restringir a liberdade de expressão na TV Educativa. Requião afirmou que fazer denúncias consistentes não pode ser entendido como promoção pessoal. “Se não puder usar a tevê estatal para fazer este tipo de denúncia terei que fechar a TVE. Que oportunidade eu tenho de denunciar fatos e roubos ocorridos na administração anterior em TVs privadas? Será que não posso mais dizer que o Beto Richa é vice-prefeito de Curitiba. Essa decisão judicial me assombra”, comentou.

O governador considerou a decisão como uma forma de censura. “Eu vim aqui eleito com a maioria significativa dos votos do povo do Paraná e não pode me aparecer um juiz singular, que determine que eu não posso fazer uma denúncia na televisão pública; já não consigo nas televisões privadas, a televisão pública tem que servir, sim, para que se faça a crítica. Eles não me pedem direito de respostas. Eles me impedem de falar, vocês percebam bem, eles podiam dizer, queremos estabelecer um contraditório. Os ladrões vão poder responder também, tudo bem, está garantido aqui desde já ao Ingo Hubert, ao Jaime Lerner, a essa gente toda, espaço na televisão para virem explicar estas patifarias, mas eu não aceito que a justiça me proíba de fazer, à sociedade paranaense, a denúncia”, afirmou.

O governador disse, ainda, que a decisão judicial é inaceitável. “Então, que radicalizem de novo e tentem cassar o meu mandato outra vez. Eu não vou aceitar este jogo, porque este jogo agride não a mim, mas agride a democracia, agride ao estado de direito e é rigorosamente inaceitável por qualquer pessoa que tenha sangue nas veias e coluna vertebral”, disse. No pronunciamento, Requião observou que não tem reclamações da Justiça Eleitoral do Paraná e que suas críticas diziam respeito ao comportamento do juiz da 1.ª Zona Eleitoral.

Silêncio

O juiz D?Artagnan, por meio da assessoria de imprensa do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), disse que não pretende se manifestar a respeito das declarações feitas pelo governador do Paraná. (Elizabete Castro)

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