O senador Roberto Requião (PMDB) é o novo governador do Paraná. Ele venceu o segundo turno das eleições, disputando com o senador Alvaro Dias (PDT), com 2.664.045 votos (o equivalente a 55,2% dos votos válidos). Alvaro recebeu 2.166.290 (44,8% dos votos válidos). Houve, ainda, votos brancos e nulos. Dos 6,66 milhões de eleitores do Estado, 5,4 milhões (81,1% compareceram às urnas ontem).
Logo depois de ter sua vitória matematicamente confirmada, Requião, que vai governar o Estado pela segunda vez (o peemedebista exerceu seu primeiro mandato entre 1990 e 1994) fez questão de fazer uma visita ao ex-governador Paulo Pimentel, ontem à noite, especialmente para brindar a vitória no segundo turno das eleições presidenciais. Requião chegou acompanhado de uma grande entourage, integrada, entre vários outros, pelos deputados federais Rubens Bueno (PPS), Padre Roque (PT), pelos deputados estaduais Marcos Isfer (PPS) e Alexandre Curi (PMDB) e pelos vereadores Ney Leprevost (PSDB) e Reinhold Stephanes Jr.(PSDB). Também estavam com o governador eleito a mulher Maristela e os filhos Maurício e Roberta.
Requião, que pretende descansar por alguns dias antes de começar as articulações políticas para o seu governo, adiantou que terá um encontro hoje com o governador Jaime Lerner (PFL) para discutir a transição que ele pretenda “civilizada, em clima de urbanidade”. A equipe de transição, porém, só será montará dentro de dez ou quinze dias. A princípio, as negociações políticas serão conduzidas por seu irmão, Maurício Requião, e por Heron Arzua, que foi secretário da Fazenda em sua primeira gestão.
Futuro
O governador eleito desencorajou atitudes açodadas, lembrando que há tempo de sobra para as providências que devem ser tomadas visando o futuro governo. Fez um apelo a Lerner, para que evite medidas que possam vir a interferir na próxima administração – como o concurso para ingresso no magistério anunciado há cerca de um mês-mas também tranquilizou quem teme uma “politica de terra arrasada”. Afirmou que manterá os programas que forem comprovadamente bons para o Paraná, podendo inclusive conservar técnicos cuja eficiência é fundamental para o bom desempenho da função.
Admitiu que sai da eleição magoado com as “críticas, as baixarias e as inverdades” assacadas contra ele e sua família pelo adversário, mas ponderou que, como bom cristão, sabe perdoar. Comemorou com grande entusiasmo a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): ” O País mudou e está mais alegre, com expectativas de mudança real e esperança. Também se restabelece a união entre o Estado e a nação, baseada na identidade de princípios e programas”.
Ganha o Paraná, avalia Paulo
“Eu não tive uma derrota. O Requião ganhou o governo, o que é muito mais importante do que ganhar uma vaga para o Senado. Fui compensado com a vitória do Requião para o governo e do Lula para presidente da República”, comentou o ex-governador Paulo Pimentel ao comemorar a vitória de seu correligionário Roberto Requião no segundo turno das eleições estaduais.
Indagado sobre a possibilidade de vir a ocupar um cargo no governo estadual ou no governo federal, Paulo mostrou-se prudente: “Sou um soldado do meu partido, do Requião e do Lula. Se for convocado pelo Requião, estarei à disposição. Quero colaborar com ele no campo privado, com minha experiência, para ajudar no governo”.
Novo quadro
Ontem à noite Paulo recepcionou em sua casa o governador eleito, para brindar com champagne a vitória peemedebista. Requião destacou o trabalho do ex-governador, a importância de sua participação na campanha, fez um brinde a Luiz Inácio Lula da Silva, ao vice-governador Orlando Pessuti, aos paranaenses e aos brasileiros.
Em clima de festa, Pimentel analisou que a partir de agora, com a vitória de Requião, o Paraná conta com dois grupos politicos principais: o de Requião, naturalmente, e o de Alvaro Dias (PDT), derrotado no segundo turno mas ainda com quatro anos de mandato parlamentar pela frente: “Requião mostrou seu potencial eleitoral. Perdemos uma cadeira no Senado, mas ganhamos o governo e vamos contar com o excelente relacionamento existente entre o futuro presidente da República e o nosso futuro governador. Ganha o Paraná, que há muitos anos não tem uma situação politicamente tão favorável com esta, um entrosamento tão perfeito entre o governador e o presidente”.
Pimentel acredita que, passado o calor da disputa, os interesses maiores do Paraná vão falar mais alto e os senadores Álvaro e Osmar Dias não se negarão a defender os projetos em benefício do Estado.