Foto: Lucimar do Carmo/O Estado |
Beto Richa refutou as declarações: ?Eu não aceito o governador querer pegar carona?. continua após a publicidade |
O governador licenciado Roberto Requião (PMDB) afirmou ontem que 90% das obras realizadas em Curitiba pela prefeitura são também obras do governo do estado. A afirmação foi o estopim de uma crise com o prefeito Beto Richa (PSDB), que contestou a declaração do governador e o desafiou a provar o que disse. A polêmica aconteceu ontem pela manhã, em três entrevistas à Rádio CBN, de Curitiba.
Requião disse que parte dos investimentos realizados na capital tem financiamento do governo do estado e outra parte vem de investimentos a fundo perdido do governo. As declarações de Requião foram dadas logo após explicar que sua campanha chegou à fase de esclarecimento. ?Fui duramente agredido por todos os candidatos. Chegaram a dizer que Curitiba é a terceira capital mais violenta do Brasil. Mas, agora tudo isso se dilui?, disse.
O governador licenciado e candidato a reeleição afirmou também que quem segurou a tarifa de ônibus na capital paranaense nos atuais patamares foi o estado, com o corte de ICMS do diesel. ?Eu tenho sido um pouco prefeito de Curitiba e o prefeito que dizia ter encontrado uma prefeitura quebrada só conseguiu trabalhar porque teve ajuda da mão forte do governo do estado?, prosseguiu.
Beto, que apóia a candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do estado, rebateu as afirmações, dizendo que as obras em Curitiba foram realizadas pela prefeitura. ?Está lançado o desafio para o governador Requião provar que deu um centavo para a prefeitura de Curitiba no ano passado, que fechamos com superávit de 17 milhões de reais?, respondeu.
Sobre a redução da tarifa de transporte coletivo, o prefeito disse que, de início, foi uma luta solitária, com o governador não se manifestando para baixar o preço da passagem. Beto disse também que recentemente foi assinado convênio entre a prefeitura e o estado para compra de combustível em larga escala com isenção de ICMS. ?Mas o convênio ainda não saiu do papel. Eu não aceito o governador querer pegar carona?, disse.
Depois que Beto desafiou, Requião pediu direito de resposta à rádio, que foi concedido e ficou a cargo do secretário de Desenvolvimento Urbano, Forte Neto. O secretário afirmou que desde o início da gestão Requião, foram investidos em Curitiba R$ 702 milhões em diversos tipos de obras, sendo a maior parte aplicada após Beto assumir a prefeitura.
?Foram adquiridos para a capital 1.134 novas viaturas, caminhões, ônibus e motocicletas para a Polícia Militar, além de 45 ambulâncias e R$ 20 milhões em equipamentos para o Hospital de Reabilitação do Paraná, que está sendo construído no terreno da APR?, disse. Neto ficou à disposição para mais esclarecimentos sobre os investimentos realizados.
Sobre o convênio que vai isentar o ICMS do diesel para o transporte coletivo, Neto disse que o processo está em andamento e depende da finalização de licitação para definir o valor final do combustível. ?O governo previu em seu orçamento R$ 7 milhões mensais para que este sistema pudesse ser implantado em Curitiba?, disse. À tarde, Beto disse que as declarações de Neto comprovam que o estado não fez nada sobre a passagem de ônibus. ?O Forte Neto admitiu que o governo ainda não fez nada sobre a tarifa de transporte?, concluiu.