O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem a Curitiba amanhã, dia 30, assinar a portaria de transformação do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná) em UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná). Ele participa ainda da reunião de encerramento do Fórum Futuro 10, que reúne lideranças empresariais, sociais e políticas que vão apresentar um plano estratégico integrado para o desenvolvimento do Estado.
O presidente desembarca às 16:30 no aeroporto Affonso Pena, onde será recebido pelo governador Roberto Requião (PMDB) que o acompanhará nos dois compromissos e já anunciou que pretende cobrar de Lula uma revisão da exigência da cobrança previdenciária dos servidores aposentados
A crítica do governador se deve às medidas adotadas pelo governo federal diante da decisão do Paraná de não efetuar o desconto nos salários dos servidores públicos estaduais aposentados. Segundo o governador, o Paraná foi considerado inadimplente e teve interrompidos seus repasses de recursos federais.
"O governo federal considerou o Paraná inadimplente por duas razões. Uma que estava nos cobrando um Pasep que não devíamos. Tanto não devíamos que já conseguimos uma liminar no Supremo Tribunal Federal. Mas continua dizendo que não pode repassar recursos para o Paraná porque estamos inadimplentes pelo fato de o governo do Estado se recusar a cobrar a taxa previdenciária de nossos aposentados".
Requião afirmou que vai dizer ao presidente que o governo estadual não pode ser obrigado a recolher a taxa. O governador anunciou a intenção de abordar Lula sobre o assunto na convenção municipal do PMDB de Curitiba, realizada no domingo, dia 27. Ele sugeriu que os aposentados se mobilizassem para pressionar o presidente a suspender a cobrança que, conforme a reforma previdenciária aprovada no governo Lula, é cobrada sobre salários acima de R$2,050 mil. O governador também recomendou que os servidores aposentados fizessem a mesma pressão sobre as lideranças estaduais do PT.
Requião garante que o sistema previdenciário do Estado pode sobreviver sem o desconto dos aposentados. "Se a ParanáPrevidência não precisa cobrar é porque o nosso cálculo atuarial é bom. Se o salário é pequeno porque tentar obrigar o Estado do Paraná com corte de recursos, a cobrar o que nós queremos e não precisamos", observou Requião.
Reação
O presidente estadual do PT, deputado André Vargas, reagiu ao que considerou "provocação" do governador do Paraná ao presidente da República. Vargas chamou Requião de "piqueteiro de plantão" e disse que até financiaria as faixas do protesto dos aposentados. "Vou pagar as faixas só para que o Lula veja bem de perto de quem se trata", afirmou. Segundo o dirigente petista, o governador se julga acima da Constituição Federal. "Ele não está pensando no futuro", atacou.
A viagem anterior do presidente a Curitiba foi no ano passado, na inauguração do Laboratório Central de Tecnologia do Estado. De lá para cá, as relações entre o governador paranaense e o governo federal se alteraram. As críticas de Requião à política econômica e ao ministro Antonio Palocci e, mais recentemente, o apoio do governador à ala peemedebista não alinhada ao governo petista e que defende candidatura própria à sucessão presidencial tem confrontado parte do PT do Paraná com o peemedebista.