Requião diz que Copel não entrou no leilão de pedágios para vencer

O governador Roberto Requião, declarou, ontem, que a Companhia Paranaense de Energia Elétrica – Copel – não participou do leilão da 2.ª fase das concessões de rodovias federais para vencer, e sim para forçar a redução da tarifa.  

Em entrevista à rádio CBN Brasil, o governador disse que com a participação da estatal paranaense no processo, criou-se a expectativa de um lance muito baixo por parte da Copel, o que teria feito com que as empresas interessadas apresentassem propostas com um deságio ainda maior.

Durante a entrevista, Requião voltou a criticar a privatização das rodovias que, segundo ele, representa uma ?tritributação? ao contribuinte, que já paga Cide e IPVA, mas reconheceu que as concessões de ontem representaram ?um ganho para o usuário, com preços muito mais compatíveis em relação às concessões do governo Fernando Henrique (em 1997)?.

Já o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, não repetiu o discurso do governador e atribui a derrota no leilão ao apetite dos espanhóis. A Copel apresentou proposta para o lote 07 do leilão, que compreendia a rodovia que liga Curitiba a Florianópolis, mas a tarifa de 1,950 oferecida pela estatal foi apenas a sexta melhor oferta apresentada para o trecho. O grupo espanhol OHL, que arrematou cinco dos sete lotes leiloados, venceu a concorrência para o trecho com uma proposta de R$ 1,028.

?Fizemos o melhor possível, dentro do reduzido prazo de 45 dias estabelecido pelo poder concedente, para sermos competitivos e conseguimos, considerando tratar-se de uma atividade totalmente nova para a empresa. Mas não havia condição de disputar contra os espanhóis, que repetiram no leilão de rodovias a mesma estratégia de disputa extremamente agressiva que outros grupos do mesmo país vêm praticando, por exemplo, nos leilões para novas linhas de transmissão de eletricidade, onde também estão arrematando tudo?, comentou Ghilardi.

O secretário estadual de Transportes, Rogério Tizzot, declarou que o leilão de terça-feira ?comprovou que as tarifas cobradas pelas concessionárias que operam no Paraná são abusivas e estão fora da realidade do País?, que se justificou comparando os trajetos Curitiba-Paranaguá e Curitiba-Florianópolis. No primeiro trecho, com extensão de 80km, há uma praça de pedágio, com tarifa de R$ 10,90, enquanto para o segundo, de 380km estão previstas cinco praças a R$ 1,02. ?Para viajar uma distância mais de três vezes maior, o motorista vai pagar a metade do que gastaria indo ao litoral do Paraná?, criticou o secretário.

O diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR, João Chiminazzo Neto, disse que a comparação entre os dois processos de concessões é equivocada. Ele explicou que as concessionárias que operam no Paraná mantém outros 308 quilômetros de estradas sem pedágio (como foi estabelecido nos contratos firmados em 1997) e que a taxa de retorno do processo anterior foi maior porque levava em conta a inflação, a taxa de juros e o risco Brasil enfrentados no período e que podiam afastar os investidores. Mesmo assim, Chiminazzo admitiu renegociar os contratos com o governo do Estado, ?desde que este aceite o diálogo?.

Deputados querem mudanças no Paraná

Elizabete Castro

Foto: Anderson Tozato

Rossoni: devolvam tudo.

O resultado do leilão das concessões federais foi o mote, ontem, para que deputados de diversos partidos questionassem os valores das tarifas de pedágios cobradas no Paraná pelas seis concessionárias que administram as estradas privatizadas em 98. O líder da bancada do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, defendeu o rompimento dos atuais contratos enquanto o líder do bloco de oposição, Valdir Rossoni (PSDB), propôs que o governo do Paraná devolva as concessões à União.

Os deputados estabeleceram comparações. Marcelo Rangel (PPS) disse que paga R$ 11 reais em pedágio para percorrer os 100 quilômetros entre Ponta Grossa e Curitiba. Já o novo pedágio, que será cobrado entre os quatrocentos quilômetros entre Curitiba e São Paulo será de R$ 6,55, somando as cinco praças, destacou. Outro exemplo citado foi que de Curitiba a Florianópolis, um carro de passeio vai pagar R$ 5,85 e rodar 300 quilômetros. Já os cem quilômetros que separam Curitiba de Matinhos, o mesmo carro vai pagar R$ 10,90.

O vice-presidente da Comissão Especial do Pedágio, deputado Cleiton Quielse (PMDB), disse que a CEI poderá se transformar numa Comissão Parlamentar de Inquérito para convocar os representantes das concessionárias a explicar os custos que formam o atual valor das tarifas. Quielse disse que uma das soluções é antecipar o cronograma das obras para justificar os valores cobrados. Segundo o deputado, as empresas superfaturam os investimentos que fazem nas rodovias para inflar as tarifas.

Pugliesi afirmou que a entrada da Copel na concorrência federal serviu para desmascarar as empresas que ganharam as concessões no Paraná, mostrando que o serviço pode ser mais barato. Ele comentou que o Judiciário pode ser mais sensível no julgamento de ações que contestem o acordo feito em 98 com as concessionárias. ?Contratos que ferem o interesse público podem ser rompidos?, comentou.

Para Rossoni, que atuava como líder do governo Lerner em 98, quando os pedágios foram implantados, o ex-governador errou ao assumir as estradas federais e o governador Roberto Requião (PMDB) deveria devolver as concessões. ?Foi errado o ex-governador Jaime Lerner assumir uma responsabilidade que não era dele?, disse Rossoni, quando foram assinados os atuais contratos. Rossoni acha que o usuários das rodovias federais não podem pagar tarifas diferenciadas no País. ?Se o governo federal vai entregar as rodovias prontas para a iniciativa privada para que o custo do pedágio seja baixo, por que é que não faz o mesmo com essas rodovias aqui no Paraná??, questionou.

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