Na 132.ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne secretários estaduais de Fazenda, ontem, em Foz do Iguaçu, o governador Roberto Requião (PMDB) voltou a cutucar o governo federal.

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Ao abordar o tema da crise econômica mundial, Requião disse que existem dois governos no País: um de Lula e outro das alianças partidárias. De acordo com o governador, os setores que compõem a coalizão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazem a defesa do sistema financeiro e essa posição pode agravar a crise no Brasil.

Na noite anterior, na abertura do 2.º Encontro das Prefeitas e Prefeitos Eleitos do Paraná, dentro do Programa de Estudos Avançados para Líderes Públicos, em parceria com o Sebrae, o governador havia dito aos futuros administradores que eles irão assumir seus cargos num dos piores momentos do País. O de falta de crédito.

E que o governo federal já destinou US$ 200 bilhões aos bancos para que a economia fosse lubrificada. Mas os bancos, destacou, aplicam em Letras do Tesouro e esses recursos não serão destinados ao crédito.

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Requião também afirmou aos eleitos que as medidas anunciadas pelo presidente Lula até agora são boas, mas que não devem se iludir porque no Banco Central subsistem setores neoliberais, que classificou de “fernandohenriquista”.

Ele defendeu a estatização do crédito. “Não quero estatizar bancos, mas o crédito. Não adianta passar dinheiro para banqueiros que estão preocupados com a sua liquidez”, disse.

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Apesar do cenário pessimista, Requião disse aos prefeitos que o governo estadual está pronto a ajudar. Mas apresentou duas condicionantes. Ele avisou que somente irá liberar recursos para prefeitos que apresentarem o plano diretor de suas cidades.

E aqueles municípios que tiverem como base a agricultura somente terão acesso ao crédito para a área se criarem uma secretaria municipal de agricultura para gerir a aplicação dos recursos.

Fundamentalismo

No encontro com os secretários da Fazenda, o governador chamou de “fundamentalista” o ponto de vista da coalizão sobre a maneira de enfrentar a crise. “

Se prevalecer a opinião da aliança, que se mantém fundamentalista, embora o mundo inteiro esteja tomando medidas absolutamente diversas, estaremos entrando numa crise de proporções elevadíssimas. E, às vezes pergunto ao Heron Arzua (secretário estadual de Fazenda) que tipo de programa vamos ter que cortar no ano que vem se não houver mudanças”, afirmou o governador, que também esteve no encontro no Grupo de Gestores das Finanças Estaduais (Gefin).

Além da estatização do crédito, Requião defendeu o controle do câmbio, investimentos pesados em obras de infraestrutura e a desoneração do consumo para enfrentar a crise. Disse que está preocupado com os rumos da economia brasileira.

“Se o Brasil não mudar a política econômica, se continuarmos com reformas ‘lampedusianas’, de mudar alguma coisa para que tudo fique como esta, não vamos sair desta crise com facilidade e a condenação é de integrarmos a globalização na condição de produtores de commodities”, frisou.