O governador Roberto Requião (PMDB) e o presidente estadual do partido no Paraná, deputado Dobrandino da Silva, estarão em Brasília hoje participando da reunião da executiva nacional, governadores e presidentes dos diretórios regionais.
“Quantos somos e para onde vamos em 2006?” é o tema do encontro que se constitui numa segunda etapa da conversa realizada na sexta-feira passada em São Paulo, onde quatro dos seis governadores do partido defenderam o afastamento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, convidou para a reunião de hoje também, os deputados federais, senadores e prefeitos peemedebistas. Eles vão avaliar as eleições municipais e traçar as estratégias para a sucessão presidencial e nos estados em 2006. Em São Paulo, os quatro governadores, entre eles Requião, aprovaram a entrega dos cargos que o partido ocupa no governo. O assunto será examinado hoje, na reunião ampliada em Brasília. Atualmente, o PMDB tem dois ministros, Eunício Oliveira, das Comunicações e Amir Lando, da Previdência Social.
Hoje, os peemedebistas vão discutir a sugestão feita pelos governadores. O governador Roberto Requião vai manter a posição manifestada em São Paulo. Requião defende uma linha de apoio crítico ao governo. O alvo do governador do Paraná é a política econômica do governo Lula, que vem criticando desde o ano passado.
Rompimento
O presidente estadual do PMDB vai se posicionar pelo rompimento com o PT. E estende sua proposta também ao Paraná, onde o PT integrou a aliança que elegeu Requião e faz parte da base de sustentação ao governo na Assembléia Legislativa, participando, também do primeiro escalão com duas secretarias: a especial de governo e a de Trabalho, Emprego e Ação Social.
Para Dobrandino, o PMDB do Paraná deveria se afastar também do PT. O presidente regional do PMDB acha que a aliança com o PT não deu os frutos esperados nas eleições municipais deste ano. Ele próprio se considera uma vítima dos petistas. Seu filho, Samis da Silva, não teve o apoio do PT na tentativa de reeleição para a prefeitura de Foz do Iguaçu. O PT apoiou o pedetista Paulo Macdonald Ghisi, que venceu o peemedebista Samis.
Para setores do PMDB do Paraná, Dobrandino está ressaltando uma questão localizada, que não pode orientar a posição geral do partido. “Problemas localizados não podem se sobrepor aos interesses coletivos”, disse o vice-presidente estadual do PMDB, Nereu Moura.
Dirceu apresentará resposta a estados
O governador Roberto Requião (PMDB) também estará em Brasília hoje para um novo encontro entre os integrantes da Coalizão Pró-Etanol e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Requião é o coordenador do grupo que reúne 19 estados brasileiros produtores de cana-de-açúcar. Dirceu vai apresentar a posição do governo federal sobre um documento entregue em junho deste ano com as principais reivindicações da Coalizão.
Acompanhado dos governadores Ronaldo Lessa (Alagoas), Paulo Hartung (Espírito Santo) e Wellington Dias (Piauí), Requião entregou ao ministro um documento com várias solcitações do grupo, entre eles, o pedido de apoio para a ampliação da exportação de álcool combustível (etanol). À época, José Dirceu elogiou a iniciativa da formação da Coalizão, que foi idealizada em 2003 pelo governo do Paraná e os produtores do Estado, e se comprometeu a entregar o documento pessoalmente, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Serei o representante da Coalizão no governo federal. Levarei ainda hoje as reivindicações do setor ao presidente”, afirmou o ministro na ocasião, ressaltando que também iria conversar com os ministros da Agricultura, Desenvolvimento, Minas e Energia e a equipe econômica do governo para discutir medidas de apoio aos produtores de cana-de-açúcar.
Em setembro deste ano, o governador obteve do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, a garantia de financiamento de R$ 1,3 bilhão para ampliar a produção e a comercialização de álcool do Paraná.
Jarbas propõe ruptura com governo Lula
Brasília (AG) – O PMDB, como sempre, está dividido e trava uma guerra interna. O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, que não esteve em São Paulo, acha que o lugar do PMDB é na oposição e que isso não impede que o partido dê apoio aos projetos de interesse do país, como ocorreu nas reformas tributária e da Previdência. Para Jarbas, está se delineando um quadro em que o PT será adversário do PMDB nas eleições regionais de 2006.
“O PMDB deveria entregar os cargos e fazer uma oposição séria ao governo. Se o PMDB ouvir as ruas, sai do governo, mas ele também pode ficar por oportunismo, conduta comum na história do partido”, disse Jarbas.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), reconhece que a relação do partido com o governo se deteriorou. Os governadores do PMDB não recebem a ajuda federal, apesar dos acenos do presidente Lula. Candidato à presidência do Senado, Renan quer que o partido se mantenha na base do governo Lula porque essa seria, para ele, a melhor opção para o partido em 2006.
Derrota
Apesar da posição dos governadores, que pediram que o PMDB entregue seus cargos no governo Lula, dificilmente esta será a posição vitoriosa na reunião de hoje em Brasília. Mesmo descontentes com o tratamento que recebem do PT, a maioria dos integrantes do partido defende a permanência no governo. Peemedebistas e apadrinhados do partido ocupam os ministérios das Comunicações e Previdência, as presidências dos Correios e do INSS e centenas de cargos nos segundo e terceiro escalões.