Após lançar, em Brasília, sua pré-candidatura à presidência do Brasil, o governador Roberto Requião (PMDB), disse, em entrevista ao colunista do portal UOL Fernando Rodrigues, que uma aliança com Osmar Dias (PDT) para as eleições estaduais seria praticamente impossível e, ainda mais difícil seria a concretização de uma parceria com Beto Richa (PSDB). O governador reafirmou a candidatura de seu vice, Orlando Pessuti (PMDB) e disse esperar contar com uma coligação com o PT.
Questionado sobre quem seria o candidato mais indicado para sucedé-lo, Requião disse que “o PMDB tende a lançar o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) para o governo do Estado”.
Já com relação a uma possível aliança entre Osmar Dias ou Beto Richa, Requião foi enfático ao afirmar que ambas seriam difíceis, ainda mais com Beto Richa. “Hoje é impossível uma parceria com Osmar Dias. Muito mais impossível com o outro, o Beto Richa. O PMDB tem hoje candidato próprio, e o mais interessante seria ter um vice do PT”, afirmou.
A declaração, que poderia ser interpretada como um aviso para deputados peemedebistas que negociam uma aproximação com o PSDB, foi contemporizada pelos personagens da articulação.
Para o líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), a declaração de Requião simplesmente traduz a opinião do governador sobre os dois políticos. “Não tenho nada a comentar sobre esse assunto. Essa é opinião do nosso governador”, afirmou.
De acordo com o deputado Alexandre Curi (PMDB), que já foi citado como nome para vice de Beto Richa, a situação ainda pode ser contornada no início do próximo ano.
“É cedo para comentar tal declaração. O ano político de 2009 está terminando, por isso temos que esperar o verão passar e voltar a discutir o assunto em 2010”, disse.
A mesma reação teve o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, para quem a declaração de Requião não trouxe nenhuma novidade nos planos de emplacar Beto Richa no governo do Estado.
“Independente do que Requião pensa ou não a respeito de parcerias. O que estamos sentido é a vontade e a simpatia de vários parlamentares do PMDB em apoiar a candidatura de Beto Richa”, afirmou.
Com relação à declaração do governador, de que o ideal para a candidatura de Orlando Pessuti seria um vice do PT, a presidente estadual do partido, Gleisi Hoffmann, classificou como positiva.
“Essa é a primeira vez que ele fala objetivamente sobre a construção de uma aliança entre os dois partidos. Isso abre a possibilidade de uma conversa mais concreta. Obviamente que qualquer discussão aqui no Estado sobre alianças passa também pelo apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff”, afirmou a petista que ainda estuda apoio do partido a Osmar Dias.
Para ela, a questão é os partidos caminharem juntos. “Queremos sentar para conversar. Nossa primeira posição seria a discussão em cima de um programa, a representação dessa aliança é decorrência dessa conversa”.
Se não vingar, Requião vai de Dilma
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Requião: Destino selado em jantar |
Na mesma entrevista, o governador Roberto Requião afirmou que caso sua candidatura não dê certo, seu apoio tenderia à candidata do PT, Dilma Rousseff. “Ela é mais progressista, nacionalista, mais à esquerda e não à direita. A esquerda para mim é solidariedade e amor, a direita, por outro lado, é egoísmo e a visão neoliberal. O Serra não é ,mal, sou amigo de infância dele, mas o entorno dele não me agrada”, afirmou.
O governador completou dizendo ser “lulista”. “Acho que o Lula foi um ganho, um avanço. Mas em seu segundo governo, pela governabilidade, cedeu ao capital financeiro, aquele que não produz nada”, disse Requião.
Ainda na entrevista, o governador disse que sua candidatura à presidência da República aconteceu, em resposta aos anseios da base do partido, que, segundo ele, não foram atendidos pela posição tomada pela direção nacional e pelos congressistas do partido.
“Espero que Michel Temer, que é meu amigo pessoal, facilite as coisas. Não pode ser num jantar que se decide o destino de um partido inteiro como o PMDB”, disse o governador. “Os congressistas querem a coligação porque estão esperando a liberação de emendas”, ressaltou.
Atualmente, o PMDB ocupa sete ministérios no governo de Lula, segundo o governador, o partido não teria problema em deixar tais posições. “Os cargos não têm importância. Como o nosso regime não é parlamentarista, razoável para mim seria proibir deputados e senadores de ocuparem ministérios”, afirmou.
Segundo Requião, o essencial é que o PMDB tenha um programa claro de governo e não seja somente cortejado pelo horário eleitoral de que dispõe. “Não poderia haver um movimento para a discussão de um programa de governo sem haver um candidato. E eu fui incitado por companheiros a disputar essa candidatura”, frisou.
