O candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, decidiu recorrer ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nelson Jobim, para se defender do bombardeio de acusações que vêm sendo feitas pelos seus adversários no horário eleitoral gratuito.
Em documento enviado ao TSE, Requião reclamou a Jobim que vem sendo sistematicamente caluniado no horário eleitoral dos candidatos do PDT ao governo, senador Alvaro Dias, e do PSDB, Beto Richa, sem ganhar nenhum direito de resposta da Justiça Eleitoral do Paraná.
As tentativas de associá-lo ao demônio iniciadas pela coligação de Alvaro e os depoimentos levados ao ar por Beto acusando-o de omissão de socorro no acidente de trânsito em Curitiba envolvendo um dos seus sobrinhos, no ano passado, foram considerados pelo senador como “golpes baixos” dos seus adversários. “Lamento que Beto Richa tenha entrado nessa baixaria. Não esperava isso dele. O que fizeram ao citar o acidente que envolveu meu sobrinho, no qual morreram duas jovens, é de uma sordidez sem tamanho. Exploraram a dor de uma mãe para tentar me atingir”, desabafou.
No programa eleitoral exibido ao meio-dia de ontem, Requião disse que tem sido obrigado a utilizar o seu tempo de propaganda para responder às acusações, já que suas ações na Justiça Eleitoral não têm sido julgadas. O senador alega que inúmeras ações movidas pela sua assessoria jurídica aguardam um parecer há dez dias.
Requião pediu a Jobim que adote providências para acabar com o que considera um processo de “impunidade” no qual seus adversários vêm apostando para manter o tom agressivo dos seus programas. O senador lembra que nesta semana termina o horário eleitoral gratuito para os candidatos ao governo e que ainda não conseguiu o direito de responder aos seus adversários. “Estamos às vésperas do fim da campanha eleitoral. No ritmo que a Justiça Eleitoral julga, nós nos encontramos na iminência de assistir a um festival de impunidade”, comentou.
Ontem, o diretório regional do PMDB divulgou uma nota condenando a linha de campanha de Alvaro e Beto. “Até os mais tolerantes mostram-se indignados”, diz a nota, que acusa os concorrentes do peemedebista de “falta de ética” e “oportunismo”.
Ataques limitam acordo
Elizabete Castro
Os ataques dos programas eleitorais do candidato tucano ao governo, Beto Richa, contra o candidato do PMDB, senador Roberto Requião, estão minando as possibilidades de um acordo entre os dois partidos no segundo turno das eleições. Requião não descarta a possibilidade de uma aliança com os tucanos no segundo turno, mas deixou claro que suas conversas com o PSDB não incluirão o seu atual adversário, Beto Richa. “O Beto apareceu de corpo inteiro agora. Ele não é o bom moço que vinha tentando aparentar. Ele é feio como o diabo. Com o PSDB partido, nós vamos conversar. Com ele, não”, afirmou o senador.
Requião disse estar certo de que o tucano está “tabelando” com o senador Alvaro Dias, candidato do PDT ao governo. “Está claro que ele é um aliado do Alvaro. São os dois candidatos do Jaime Lerner. É Dona Flor e seus dois maridos”, atacou o senador. Requião afirmou ainda que o tiro dos adversários sairá pela culatra. “O eleitor do Paraná não aceita tanta torpeza”, disse. Requião disse que já respondeu ao tucano ontem, no horário eleitoral gratuito, e que encerrou a discussão. “Não tenho mais o que dizer. Nunca imaginei que pudessem chegar a tanto. Mas o Paraná vai dar uma resposta”, acrescentou.
Beto Richa, por meio de sua assessoria de imprensa, negou ontem que sua posição no segundo turno das eleições já tenha sido definida e que haja algum tipo de cumplicidade com o senador Alvaro Dias. O tucano disse que está confiante de que conseguirá passar para o segundo turno – ele está em terceiro lugar nas pesquisas de intenções de voto, atrás dos senadores Alvaro Dias e Requião – e que qualquer negociação com outro partido somente vai ser ser aberta após o dia 6 de outubro. “Este assunto só será discutido lá na frente”, afirmou.
Distanciamento
Antes das convenções, realizadas em junho, peemedebistas e tucanos ensaiaram uma aliança. As negociações foram frustradas pela resistência de Beto Richa em renunciar à candidatura em favor de Requião. Mas nos dois partidos, sobraram correntes acreditando que no segundo turno o entendimento poderia vingar.
Um dos artífices da tentativa de acordo entre tucanos e peemedebistas no primeiro semestre, o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), afirmou ontem que a linha dos programas de Beto foi uma decisão pessoal e que é um direito do candidato dar o rumo de sua campanha. Brandão acha que o mal-estar criado pelos programas do tucano no PMDB não deverá interferir nas articulações de segundo turno. “Independente de quem vá para o segundo turno, o processo estará zerado. Vai ser uma nova eleição”, afirmou.
Péricles acompanha Requião
O prefeito de Ponta Grossa, Péricles Holleben de Mello (PT), participou de quase todos os compromissos dos candidatos ao governo do PMDB, Roberto Requião, e ao Senado, Paulo Pimentel, neste fim de semana. A agenda, que previa a visita a 10 bairros, foi ampliada a pedido do petista. Ao todo, Pimentel, Requião e Péricles estiveram em 15 bairros. A presença do prefeito nas reuniões foi uma retribuição ao apoio que ele recebeu do PMDB na eleição 2000. Em cada um dos comícios, cerca de mil pessoas esperavam por eles.
Paulo, Requião e Péricles enfatizaram, nos encontros com a população, o crescimento da candidatura a presidente da República de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As últimas pesquisas dão como possível a vitória de Lula ainda no primeiro turno. Segundo os levantamentos, Lula já tem 49% dos votos válidos. Nos comícios, Paulo e Requião vêm destacando a importância da eleição do presidenciável do PT. Antes mesmo do fim do primeiro turno, Requião já havia manifestado simpatia com a candidatura de Lula.
“Nesta reta final de campanha, o eleitor precisa analisar atentamente as propostas. Tanto em nível nacional como aqui no Paraná os candidatos que têm um programa de governo sério serão os mais votados”, lembrou Paulo. O programa do PMDB foi elaborado tendo como principal preocupação a segurança, o combate à pobreza e a geração de empregos. Após a passagem por Ponta Grossa, Pimentel seguiu para a região Oeste. Ao lado do candidato a vice-governador, Orlando Pessuti, ele participou de comícios em Francisco Beltrão e Pato Branco.