Requião: isolamento para completar indicações. |
O governador eleito Roberto Requião (PMDB) planeja passar os próximos dias em Curitiba fechando os nomes do núcleo central da sua equipe.
Requião que tem permanecido em Brasília a maior parte do tempo e vem anunciando a conta-gotas suas escolhas, pretende ter todos os nomes do primeiro escalão definidos até o dia 19, data da sua diplomação pela Justiça Eleitoral. O governador eleito já combinou com o vice-governador eleito, deputado estadual Orlando Pessuti (PMDB), que irá se isolar com alguns interlocutores-chave para, a salvo de olhares curiosos e gulosos por cargos, arrematar a composição do governo. “Vamos nos fechar em algum lugar, bloquear os telefones, olhar o organograma do estado e colocar no papel todos os nomes dos companheiros que podem ser aproveitados no governo”, afirmou Pessuti.
Além de atender aos compromissos de campanha com aliados como PT e PPS, Requião tem adotado um critério básico na busca dos futuros secretários: lealdade política e capacitação técnica. “Não vamos fazer um governo só de amigos. Mas também não vamos trazer inimigos para o governo. Temos pelo menos uns 200 nomes de companheiros com grande qualificação. Mas também não é só pelo fato de alguém ter trabalhado na campanha que vai ter lugar no governo”, definiu o vice-governador eleito.
O líder do PMDB na Assembléia Legislativa, deputado Nereu Moura (PMDB), disse que o governador eleito vem tratando com “delicadeza” a complexa tarefa de selecionar seus principais auxiliares. “Os nomes anunciados até agora mostram que o governador tem tido a preocupação de ser leal aos companheiros, sem descuidar evidentemente a qualificação”, comentou.
Lugar ao sol
Nesta fase decisiva de discussão dos nomes – pelo menos nove integrantes do primeiro escalão já foram confirmados – o governador eleito tem se preocupado em garantir alguns espaços para deputados do partido que foram derrotados na campanha eleitoral deste ano. Além do deputado estadual Waldyr Pugliesi (PMDB), confirmado na secretaria de Obras na última sexta-feira, Requião estuda convocar um terceiro nome da bancada peemedebista na Assembléia Legislativa para o governo. A intenção seria acomodar o deputado Ademir Bier, que também não se reelegeu e ficou na segunda suplência da bancada. Antonio Anibelli, que ficou como primeiro suplente, deve permanecer na Assembléia no lugar de Caito Quintana, atual articulador político do governo eleito e futuro secretário da Casa Civil.
Da bancada federal, o governador também pode pinçar alguém para a sua equipe. Especula-se que Requião pode chamar o primeiro e o segundo suplentes da Câmara, Reinhold Stephanes e Airton Roveda, para uma função no governo. Mas há possibilidades de o governador eleito vir a convocar o deputado reeleito Max Rosenmann para abrir uma vaga na bancada federal peemedebista e encaixar o ex-prefeito de Londrina Luís Eduardo, Cheida terceiro suplente do PMDB do Paraná na Câmara.
O governador estaria avaliando se seria melhor ter Cheida na secretaria de Saúde ou como integrante da bancada em Brasília. A dúvida é saber qual o lugar mais adequado para construir a candidatura de Cheida à prefeitura de Londrina em 2004.
Para a pasta da Saúde também são cotados outros nomes: o do médico pediatra Cláudio Xavier, que coordenou a elaboração do programa de saúde do PMDB para o próximo governo, e o de Nizan Pereira, colaborador antigo de Requião que comandou a secretaria em sua primeira gestão à frente do Palácio Iguaçu.
Parlamentos mais atuantes no Mercosul
Em seu discurso para os presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso; Eduardo Duhalde, Argentina; Luiz Gonzáles Macchi, Paraguai, e Jorge Battle, Uruguai, e parlamentares sul-americanos, no encerramento da 20.ª Reunião Plenária da Comissão Parlamentar Conjunta, sexta-feira, em Brasília, o governador eleito do Paraná, senador Roberto Requião (PMDB), fez um breve balanço da atuação da Comissão Parlamentar Conjunta e destacou a importância da maior participação dos parlamentos nas decisões do Mercosul.
O discurso encerrou sua gestão frente à Presidência da CPCM, que passou a ser comandada pelo senador paraguaio Mario Paz Castaing. “Encerro a minha gestão à frente da Presidência da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul com a convicção de que, se temos ainda um longo caminho a trilhar na busca do aperfeiçoamento do papel parlamentar no espaço da integração, não se pode dizer que não tenhamos acumulado um precioso patrimônio que se traduz em uma visão comum e uma percepção compartilhada, construídas ao longo dos onze anos de trabalho conjunto, quanto à importância de que se reveste o processo de integração do Mercosul para nossa região”, disse Requião.
O senador criticou declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a integração é um jogo de soma zero, onde um perde para que o outro possa ganhar. “Ao contrário, ela está sendo construída graças a um grande e inédito esforço conjunto de países sem tradição em matéria de cooperação regional, para buscar e dinamizar o desenvolvimento de toda a região”, analisou.
Avanços
O governador eleito do Paraná lembrou que a Comissão Parlamentar Conjunta, ao longo de sua existência, obteve avanços e, acima de tudo, sempre percebeu como uma de suas principais funções a de zelar pela prevalência das instituições democráticas e pelas liberdades fundamentais na região. “É importante lembrar que o Preâmbulo de seu Regimento Interno afirma que o propósito dos representantes dos Estados membros de salvaguardar a paz, a liberdade, a democracia e a vigência dos direitos humanos na região”, disse.
Requião citou os diversos documentos assinados pelos parlamentares em reuniões da Comissão e encaminhados ao Conselho do Mercado Comum reiterando essa premissa. Falou da recomendação encaminhada, em reunião plenária na Argentina, em 1996, ao Conselho do Mercado Comum exortando-o a negociar e firmar um protocolo adicional ao Tratado de Assunção que constituisse a base jurídica de uma “cláusula democrática” do Mercosul. “Essa iniciativa da CPC foi seguida, poucas horas depois, pela Declaração de Petrero les Funes, dos presidentes dos países do Mercosul, na qual especificaram iniciativas a serem tomadas pelos Estados Partes em caso de violação da ordem democrática em qualquer um dos países membros do bloco”, destacou.
Acrescentou que esse Protocolo foi incluído, durante reunião de Cúpula de Ushuaia, no “Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no Mercosul, na República da Bolívia e na República do Chile”. “Os países reiteraram que a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o processo de integração”, frisou. Requião afirmou que o engajamento da CPC na manutenção do pleno funcionamento das instituições da democracia representativa no Mercosul continua sendo uma constante nas discussões e debates.
O senador paranaense abordou também a importância do papel da CPC, que ofereceu solidariedade aos argentinos num momento que atravessam séria crise econômica.
Residência
Ainda em seu discurso, Requião destacou o acordo de residência assinado pelos países que compõem o bloco e que garante aos cidadãos do Mercosul e seus associados que argentinos, bolivianos, brasileiros, chilenos, paraguaios e uruguaios poderão obter vistos de residência em qualquer dos países do bloco, sem as exigências atuais, como apresentação de carteira de trabalho. “Tal medida, com a qual o Brasil encerra a sua presidência pro tempore do Mercosul, legalizará uma situação de fato nos países do Mercosul e seus associados e regularizará a situação de milhares de pessoas, garantindo arrecadação de impostos e dando maior controle dos governos sobre a situação dos imigrantes”, assinalou.
Finalmente, Requião garantiu que vai criar espaço especial em seu governo para melhorar a integração regional e aprofundar o Mercosul, por meio de ações práticas que facilitem a integração entre os Estados fronteiriços.