Foto: Arquivo/O Estado |
Gleisi Hoffmann: herdeira de uma aliança antiga. continua após a publicidade |
O governador Roberto Requião (PMDB) declarou seu voto à candidata do PT ao Senado, a ex-diretora financeira da Usina de Itaipu Gleisi Hoffmann. O anúncio de apoio de Requião veio depois de uma semana de muita negociação entre emissários petistas e peemedebistas para contornar uma crise desencadeada por críticas feitas pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao governo estadual.
Requião pediu votos para Gleisi pela primeira vez no último domingo, dia 3, quando estava reunido com militantes peemedebistas, durante a inauguração de um comitê de sua campanha no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. Ontem, ao formalizar sua licença do cargo, o governador confirmou sua adesão à candidatura da petista.
O PMDB tentou lançar o ex-secretário de Justiça Aldo Parzianello ao Senado, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) indeferiu o registro de candidatura e embora o partido tenha recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governador decidiu não esperar pela resposta final. Uma outra parte do PMDB também já decidiu apoiar o senador Alvaro Dias (PSDB).
Elogios
Sobre o apoio à candidata petista, Requião disse se tratar de uma aliança antiga. ?Nossa relação é muito antiga. Somos companheiros desde o tempo da faculdade, quando ela participou de um comitê de apoio à minha candidatura como prefeito de Curitiba?, justificou. O governador não economizou nos elogios à petista. ?É um quadro político importante. Uma mulher seríssima. E estão faltando mulheres no Senado, principalmente com as qualidades da Gleisi, uma pessoa inteligente e preparada?, afirmou o governador.
O voto em Gleisi não significa que esteja se aproximando do palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição, adiantou o governador. ?Não significa nada além disso?, afirmou Requião, que ainda não declarou seu voto para presidente da República.
O coordenador da campanha de Lula no Paraná, o ex-diretor geral da Itaipu Jorge Samek, disse que o apoio do governador é importante para o crescimento da candidatura do PT ao Senado. ?Estamos entrando definitivamente na disputa eleitoral para o Senado?, disse Samek, um dos artífices do acordo para Requião apoiar Gleisi.
Já a candidata afirmou que o apoio do governador vai resultar também no envolvimento de prefeitos, deputados e candidatos do PMDB. ?É um grupo político numeroso e influente que pode mudar o resultado de uma eleição?, destacou Gleisi. Hoje, ela participa de uma reunião com vinte prefeitos da região Sudoeste, junto com o deputado estadual Caíto Quintana (PMDB), candidato à reeleição.
Seqüência
Sobre a possibilidade de uma declaração de apoio de Requião a Lula, outra das metas da coordenação da campanha à reeleição do presidente, Samek afirmou que ?as coisas têm que acontecer no seu devido tempo?. O coordenador estadual acha que a vinculação entre as candidaturas de Lula e Requião não depende de uma declaração formal do governador do Paraná. ?A população já fez há muito tempo esta vinculação. De cada dez eleitores do Requião, oito votam no Lula?, disse o coordenador da campanha de Lula no Paraná.
A menos de trinta dias para a eleição, é bem provável que o governador não declare seu voto à presidência a tempo de, no caso de ser favorável a Lula, ser capitalizado pelo PT. Requião deve se manter neutro para não jogar o prefeito de Curitiba, Beto Richa, na campanha do seu adversário, o senador Osmar Dias (PDT) ao governo. Beto é coordenador da campanha do candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, e está neutro na disputa para o governo do Estado.