Requião atribui crise ao programa econômico

Depois de permanecer quase uma semana calado sobre o escândalo do pagamento do "mensalão" , o governador Roberto Requião (PMDB) saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas identificou na política econômica a origem da relação de promiscuidade entre o governo e o Congresso Nacional, escancarada pelo presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson.

Ontem, em São Paulo, onde concedeu entrevistas ao jornal Valor Econômico e à revista Caros Amigos, Requião disse que o presidente da República é um "homem honesto" e "acima de qualquer suspeita" e que nada tem a ver com o que chamou de "horror" do episódio da compra de votos.

Requião disse que a corrupção decorre de uma política econômica impopular que, para ter sustentação no Congresso Nacional, exige estratégias de "convencimento" como essas confessadas pelo presidente nacional do PTB. "No fundo, nenhum deputado apoiaria essa política que contraria suas bases de apoio. Os deputados não dariam seu apoio sem que fossem "convencidos" com benesses e cargos", declarou Requião.

"Eu conheço o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há 40 anos e acredito na sua integridade. Em hipótese alguma, ele pode ser vinculado a este tipo de coisa", frisou o governador, voltando a atacar a política econômica. "É uma política que não pode fazer com que o Congresso se mobilize com alegria porque a política neoliberal não atende aos interesses sociais e econômicos do País", afirmou.

O governador disse que tão importante quanto o esclarecimento e punição dos envolvidos no pagamento dos "mensalões", é a mudança na política econômica federal. "O Brasil precisa voltar a crescer e as empresas devem ter sucesso para abrir mais postos de trabalho e pagar salários melhores aos trabalhadores", concluiu.

Recentemente, o governador passou a restringir suas críticas ao governo Lula, à política econômica. Quando estourou a denúncia sobre a existência de um esquema de corrupção nos Correios, o governador apenas disse que defendia as investigações, mas vinha evitando comentar o assunto por entender que qualquer manifestação poderia beneficiar o PSDB e o PFL, que suspostamente lucram com a crise política.

Na agenda

A crise política continuará na agenda hoje do governador, que estará em Palmas, no Tocantins, para a formalização da filiação do governador Marcelo Miranda ao PMDB. Em seguida, Requião se reúne com o prefeito de Goiânia, o peemedebista Iris Resende, para conversar sobre o panorama político nacional.

O PMDB será o maior partido da CPI, tendo 7 de seus 16 membros, o que lhe dará condições de dirigir as investigações. Um dos integrantes será o deputado paranaense Osmar Serraglio, indicado pela bancada do PMDB.

Correios: cinco paranaenses na CPI

O Paraná vai estar representado na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios por quatro deputados federais e um senador. Foram indicados para a CPI um tucano, o deputado Gustavo Fruet, um petista, o deputado Irineu Colombo, um peemedebista, o deputado Osmar Serraglio, e um deputado do PP, Nelson Meurer. No Senado, o paranaense indicado foi o tucano Álvaro Dias.

Ontem, o presidente estadual do PL, deputado federal Pastor Oliveira Filho, disse que o deputado federal Roberto Jefferson (PTB) está fazendo chantagem com os integrantes da sigla. "Ele está querendo se salvar acusando indevidamente outros parlamentares. Chegou a oferecer para nós uma retratação caso retirássemos o processo contra ele no Conselho de Ética", disse o deputado paranaense.

Oliveira Filho disse que não foi apresentada nenhuma prova das acusações do presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson, que acusou deputados do PP e do PL de receberem mesadas para votar a favor do governo na Câmara Federal.

Oliveira Filho destacou que, logo depois do surgimento das denúncias, o presidente nacional do PTB, deputado federal Valdemar Costa Neto, apresentou o pedido de abertura de processo no Conselho de Ética da Câmara para a cassação do mandato de Jefferson.

De acordo com Oliveira Filho, a bancada do PL recusou-se a aceitar a chantagem de Jefferson. "Vamos manter o processo no Conselho de Ética e cassar o mandato desse parlamentar que já provou não ter a moral necessária para cumprir um mandato eletivo. E ele já prometeu que vai fazer denúncias e mais denúncias contra nós", comentou.

Os deputados e senadores do PL também concordaram em assinar a CPI do mensalão e manter apoio na CPI dos Correios. "Queremos que todas as denúncias sejam investigadas profundamente. É do nosso interesse mostrar que todas as afirmações do Roberto Jefferson são mentirosas, uma manobra desesperada de um homem que está sob investigação", afirmou o deputado paranaense. (EC)

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