Requião anuncia pedágio público nas estradas estaduais

O governador Roberto Requião (PMDB) anunciou ontem a implantação do pedágio estadual. O primeiro trecho, que está em fase final de estudos no DER (Departamento Estadual de Estradas de Rodagem), liga Maringá a Francisco Alves, numa extensão de 220 quilômetros, em que serão construídas duas praças de pedágio. O pedágio público ou "pedágio de manutenção" terá um custo 80% inferior à tarifa cobrada atualmente pelas seis concessionárias que administram as rodovias estaduais.

No modelo público de pedágio, a receita da cobrança irá constituir um fundo, cujo capital será reinvestido integralmente nas rodovias, explicou. O governador afirmou que até o próximo ano, o projeto é recuperar 90% da malha rodoviária estadual.

Em dois anos de mandato, Requião citou o pedágio como uma das áreas em que sua administração obteve avanços. Para o governador, o seu mérito foi ter impedido o aumento do valor da tarifa em patamares superiores aos suportáveis pelos usuários das rodovias. Um feito, que segundo Requião, foi acompanhado de uma ofensiva judicial, ainda em andamento.

Requião justificou que sua administração conteve os aumentos por quase dois anos e quando liberou o reajuste – em novembro do ano passado – foi em percentuais inferiores aos pretendidos pelas concessionárias. Em 1.º de dezembro, o governo autorizou reajustes diferenciados para as empresas, em média de 7,5%.

Diferenças

No primeiro pedágio público, as tarifas para carros de passeio seriam fixados em R$ 2,00 e R$ 1,30 por eixo de caminhão. As motocicletas seriam isentas de cobrança. O projeto do DER estende a cobrança de pedágio nos 20 quilômetros que separam Francisco Alves de Guaira, na BR-272. O trecho é federal e a transferência para o estado depende de um acordo com a União que já está sendo negociado, segundo informou o DER.

Em uma comparação feita sobre as tarifas cobradas pela concessionária Viapar, o governo do Estado cita que um caminhão de 7 eixos gastaria cerca de R$ 18,20 nos 220 km entre Maringá e Francisco Alves com um custo de R$ 0,08 por quilômetro. Já no trecho gerenciado pela Viapar, o caminhão teria um gasto de R$ 109,20 em pedágio, o que corresponderia a R$ 0,42 por quilômetro rodado.

Requião pode apoiar reeleição de Lula

Apesar do alinhamento ao grupo que propôs a separação do governo federal, e embora seja cotado como um dos possíveis nomes peemedebistas para concorrer à sucessão presidencial de 2006, o governador Roberto Requião (PMDB) está disposto a apoiar uma possível tentativa de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Requião disse ontem que a tendência é Lula tentar um segundo mandato e que teria seu apoio. "Não vou me aliar à direita", afirmou o governador paranaense que também diz que será candidato à reeleição.

Segundo o governador, ao se opor à condução da política econômica adotada pelo presidente da República, está sendo amigo de Lula. Requião afirmou que Lula nunca vai poder reclamar que não teve um amigo para alertá-lo sobre o que chamou de "incorreção" da linha econômica.

Mas a posição do governador em relação ao PT do Paraná é menos amigável. Requião voltou a criticar os deputados estaduais André Vargas (presidente estadual do partido) e Tadeu Veneri, que identifica atualmente como focos adversários dentro de um partido aliado. No dia 18 de dezembro, o PT decidiu se desligar da base de apoio de Requião, assumindo uma posição de independência na Assembléia Legislativa.

O governador disse que enfrenta a "incompreensão" de alguns setores do PT. Ele criticou a postura de Vargas que, na condição de presidente da CPI do Pedágio na Assembléia Legislativa, votou a favor de um relatório que desagradou ao Palácio Iguaçu. No relatório, os deputados concluíram que não havia irregularidades nos contratos de pedágio no Paraná.

O governador também atacou o projeto de autoria do deputado Tadeu Veneri, que implantava a jornada de trinta horas semanais para os servidores dos serviços estaduais de saúde. O projeto foi aprovado pela maioria dos deputados, mas foi vetado por Requião. Na volta à Assembléia, o plenário manteve o veto do governador. Segundo Requião, a proposta era inexequível, já que criaria tratamento diferenciado entre servidores estaduais. (Elizabete Castro)

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