Na escola de governo realizada ontem no Museu Oscar Niemeyer, o governador Roberto Requião (PMDB) acusou o conselheiro Fernando Guimarães de vazar informações e análises prematuras do Tribunal de Contas para órgãos de comunicação de oposição para prejudicar a imagem do seu governo. Requião disse que o conselheiro deveria ser ?enquadrado? pela presidência do Tribunal de Contas e ameaçou retaliações contra Guimarães.
O governador não revelou a quais informações estava se referindo e nem citou nominalmente Guimarães. Mas fez uma descrição física do conselheiro, conhecido pela aparência despojada. ?Fica aqui um recado para o menino mandu, cabelinho amarrado atrás, tatuagem. Este é um momento sério. Que o menino mandu não brinque com o governador e com o governo. Não vai ser o terreiro do seu pai que vai lhe salvar da represália do governador e do governo. Este é um governo sério e o TC tem a obrigação de enquadrá-lo?, disse. Em alguns dicionários, ?mandu? significa tolo, ignorante.
Requião chamou de ?moleque? o conselheiro e disse que ele está ?emporcalhando? o governo e se aliando à oposição. ?Não é possível que um moleque emporcalhe a imagem do governo em conluio com uma oposição corrupta, que vendeu o Banestado, que queria vender a Copel?, disse.
Requião disse que não teme a fiscalização do TC e do Ministério Público Estadual. Afirmou que as duas instituições devem ajudar o governo a corrigir eventuais erros, já que não tem o controle total sobre 160 mil funcionários. ?O menino se acha bonito. Ele tem cabelo comprido, rabo-de-cavalo, freqüenta terreiros magníficos, mas não vai brincar com o governo do Estado. Nós não temos motivo para ter medo, nem do MP nem do TC, e não é por coragem, não. É porque temos um governo sério?, afirmou.
Reação
Fernando Guimarães não confirmou, mas poderá ajuizar uma ação contra o governador por danos morais. O conselheiro foi à Assembléia Legislativa ontem à tarde conversar com deputados aliados ao governo e de oposição. Ele disse que não tinha a menor idéia do que o governador tratava quando o mencionou. ?Minha inspetoria não fez nenhum relatório significativo sobre casos de corrupção no governo?, disse o conselheiro.
Ele admitiu que, como corregedor e ouvidor do Tribunal de Contas, tem acesso a todas as denúncias que chegam ao órgão. ?Mas não divulgo, enquanto não são julgadas?, disse o conselheiro, que já havia sido criticado anteriormente por aliados do governo ao fornecer ao deputado Marcelo Rangel (PPS) um relatório sobre as despesas do governo com publicidade, em 2005 e 2006.