O governador Roberto Requião (PMDB) determinou a abertura de uma sindicância para apurar as denúncias feitas ontem pelo deputado estadual Mário Bradock (PMDB) contra o delegado-geral da Polícia Civil, Adauto Abreu de Oliveira. O deputado acusou o delegado-geral de falsificar notas fiscais para justificar o pagamento de diárias irregulares quando ocupava a Corregedoria-Geral da Polícia, no ano passado. O deputado, que preside a Comissão de Segurança, fez um discurso pedindo a exoneração do delegado-geral.
A Diretoria-Geral da Secretaria de Segurança informou que está sendo montada uma comissão para averiguar a veracidade das denúncias. Segundo Bradock, a acusação se fundamenta em parecer do Tribunal de Contas e no depoimento de um policial não- identificado que cuidava da prestação de contas da Corregedoria Geral da Polícia Civil. De acordo com o deputado, o delegado-geral simulava despesas de viagens (como refeições em restaurantes e diárias de hotéis) que, segundo Bradock, nunca foram realizadas.
Na Secretaria de Segurança, a informação é que o parecer do TC apenas aponta indícios de que os comprovantes de despesas eram falsificados. Ainda conforme a secretaria, nenhuma das notas fiscais encaminhadas pelo Tribunal de Contas levava o nome do delegado-geral. A assinatura de Adauto de Oliveira aparece apenas na autorização da despesa, conforme a assessoria da secretaria.
Pressa
Antes de fazer a denúncia na Assembléia Legislativa, Bradock já havia feito a acusação na Procuradoria de Investigações Criminais do Ministério Público. Apesar de pertencer ao mesmo partido do governador, o deputado disse que preferiu levar o caso direto ao Ministério Público porque não tinha certeza de que Requião o ouviria. O deputado vem criticando o Palácio Iguaçu pelas mudanças que estão sendo propostas no Estatuto da Polícia Civil.
Durante a sessão de ontem da Assembléia, o líder do governo, deputado Angelo Vanhoni (PT), interrompeu o discurso de Bradock para pedir ao peemedebista que tomasse o cuidado de investigar antes para comprovar com as acusações que estava fazendo. O líder do governo disse que o delegado-geral poderia estar sendo vítima de uma armadilha montada por inimigos. Vanhoni disse que Adauto Oliveira tem muitos inimigos dentro e fora da Polícia Civil por ter sido o único delegado a ter denunciado problemas que o líder do governo classificou como “gravíssimos” dentro da corporação. O delegado-geral colaborou com a CPI do Narcotráfico e denunciou o envolvimento de policiais no crime organizado. Bradock respondeu que na condição de delegado, jamais denunciaria na tribuna da Assembléia se não houvesse se certificado previamente das irregularidades que atribuiu ao delegado geral.