O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Hugo Repsold Júnior, disse na CPI da Petrobras que a empresa vem contribuindo para as investigações sobre corrupção, inclusive sobre supostas irregularidades na construção do Gasene. O depoimento, cujo foco foi o investimento no gasoduto, durou mais de duas horas e foi encerrado há pouco.
Repsold tem repetido que desconhecia o esquema de corrupção na estatal e chegou a ser chamado de “cara de pau” por um deputado da oposição. “Colocar um nariz de palhaço em todos aqui seria mais fácil”, disse o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO).
Alguns parlamentares questionaram a convocação de Repsold, que exerce a função na diretoria da estatal há apenas dois meses. “Não consegui entender o motivo da sua convocação aqui. Seu nome está aqui para ocupar espaço para que a gente não ouça Fernando Soares, Alberto Youssef”, sugeriu Jorge Solla (PT-BA). O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), informou que a convocação foi votada e aprovada com a anuência do relator Luiz Sérgio (PT-RJ) e dos sub-relatores.
O diretor, que negou vinculação com partidos políticos ou com empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, vem negando irregularidades na construção do Gasene. Segundo ele, aditivos contratuais foram feitos para minimizar o impacto no prazo da obra e por problemas geológicos descobertos durante a construção do gasoduto de 1.400 quilômetros. “O projeto básico tem mérito, embora não tenha detectado tudo”, afirmou.
Dos R$ 6,340 bilhões de custo da obra, R$ 30 mil foram gastos com uma manta geotérmica que protege o gasoduto de possível contaminação. De acordo com o diretor, neste item foi verificada uma diferença de preço de 1.800%, que não seria representativo no custo total da obra.