Bastou uma semana de governo interino para que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), virasse a página do impeachment e abandonasse o seu apoio à presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Armado de um discurso institucional, como presidente do Senado e do Congresso, o peemedebista já deu clara sinalização de que vai fazer andar as propostas do presidente em exercício Michel Temer (PMDB).

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“Não podemos desfazer o capital político acumulado pelo novo governo, mas precisamos tocar rapidamente uma agenda de mudanças para que o Brasil saia dessa situação”, disse Renan após reunião na quinta-feira passada com o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá.

Foi o próprio Renan quem patrocinou a ida de Jucá ao Senado para conversar com os demais senadores sobre as prioridades do novo governo. A reunião, que deveria contar com a presença de todos os líderes partidários, foi um encontro de representantes da base de apoio de Temer.

Nesta semana, Renan deixou claro que as prioridades da Casa neste momento são as mesmas do presidente Temer. Abraçou a missão de votar a revisão da meta fiscal nesta terça-feira. Regimentalmente, o projeto precisa passar antes pela Comissão Mista de Orçamento. Mas como presidente do Congresso, o peemedebista determinou que a votação ocorra diretamente no plenário. Também foi ele o porta-voz de que o déficit poderia ultrapassar R$ 160 bilhões e defendeu que seja ainda maior, desde que o governo considere tudo e aprove uma meta fiscal “real”.

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Outras prioridades de Temer estiveram recorrentemente nos discursos de Renan na última semana, como a Desvinculação de Receitas da União (DRU), a regulamentação da terceirização, a reforma da Previdência e parcerias público-privadas. Renan também tomou para si a tarefa de corrigir alguns erros iniciais da gestão Temer, que sofreram forte crítica da opinião pública. Na última semana, o presidente do Senado se comprometeu em recriar o Ministério da Cultura, que acabou sendo recriado.

“Se não tivermos o ministério, isso vai quebrar o Brasil, por tudo o que ele representa”, disse Renan ao defender que a pasta não poderia se restringir a uma questão “contábil”.

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Em outra atuação incomum ao seu posto de presidente do Senado, Renan opinou na escolha do líder do governo na Casa e defendeu a escolha de uma mulher para o cargo, inclusive sugerindo nomes. “Se for uma mulher, será bom”, disse o peemedebista. Ele sugeriu o nome das senadores Simone Tebet (PMDB-MS), Ana Amélia (PP-RS) ou Lúcia Vânia (PSB-GO).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.