Renan reitera que Congresso terá última palavra sobre indexador das dívidas

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), reforçou na tarde desta quinta-feira, 26m, que o Congresso vai dar a última palavra sobre a proposta que regulamenta a troca do indexador das dívidas de Estados e municípios com a União. “O governo não pode deixar de regulamentar a lei porque a última palavra do processo legislativo é do Parlamento”, disse ao chegar para evento promovido pela bancada feminina do Congresso, na sede da Fiesp, em São Paulo. “Quando o Executivo não faz a sua parte, suplementarmente o Parlamento vai ter que fazer”, completou.

Questionado sobre a avaliação de analistas políticos de que o Brasil estaria vivendo, em tese, um parlamentarismo em razão protagonismo que ele e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), estão tendo na condução de matérias prioritárias para o governo, Renan afirmou que “o Congresso não tem outro caminho a não ser fazer a sua parte, cumprindo o seu papel constitucional”. “O Brasil pode ter certeza que Cunha e eu não vamos abrir mão do nosso papel constitucional”, afirmou.

Renan contestou ainda a tese apresentada pelo advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Adams, que disse ontem que o momento para a definição do indexador da dívida das Estados e municípios – e renegociação dos contratos – deve ser definido pela União e não pode ser imposto. Adams fez essa declaração ao comentar liminar obtida pela prefeitura do Rio de Janeiro que autoriza a quitação da dívida com a União considerando o novo fator de correção, estabelecido em lei sancionada no ano passado, mas ainda não regulamentada. Segundo ele, é “até questionável” que a legislação possa determinar a mudança.

“A dúvida do ministro Adams é maior, a dúvida dele, primeiro, é se o governo pode ou não deixar de regulamentar uma lei aprovada no parlamento”, afirmou Renan. “A primeira resposta que nós queremos saber é se o governo pode deixar de regulamentar uma decisão do Congresso. Uma lei aprovada nas duas Casas do Congresso Nacional”, reforçou.

O presidente do Senado tergiversou ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer em caso de novas liminares, como a do Rio de Janeiro, e decidiu ressaltar a importância da medida. “A troca do indexador objetiva que se remunerem os contratos da dívida pública com o mesmo índice, com o mesmo indexador que regula hoje todos os contratos no Brasil”, disse. “O que há de se perguntar é se é justo um Estado pobre, um município falido pagar 17% de juros ao mês”, completou.

Ontem, Adams afirmou que, enquanto não for regulamentada a questão, a decisão “não pode ser imposta” e por isso a liminar obtida “será objeto de recurso”.

Apelo de Levy

Renan concordou ontem em adiar a votação do projeto que obriga o governo a regulamentar em 30 dias a troca do indexador das dívidas de Estados e municípios com a União para a semana que vem após uma reunião com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A revisão do indexador, se não chega a ameaçar o cumprimento da meta fiscal deste ano, pode prejudicar o ajuste proposto pelo governo num contexto politicamente conturbado em que outras medidas ainda precisam ser apreciadas pelo Congresso. Um dos argumentos usados por Levy para convencer Renan foi que a mudança beneficiaria apenas os municípios de São Paulo e do Rio. O Estado de Alagoas, governado pelo filho do presidente do Congresso, Renan Filho (PMDB), não teria ganhos substanciais.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna