Em entrevista coletiva concedida ontem à tarde, na sede do diretório municipal em Londrina, a direção do PT anunciou que o advogado João Gomes passa a responder pela assessoria jurídica do partido no episódio das denúncias de caixa dois na reeleição de Nedson Micheletti à Prefeitura, feitas pela ex-assessora financeira da campanha, Soraya Garcia. Também reclamou que está tendo cerceado o acesso às provas e ao inquérito, e desmentiu que tenha tido qualquer tipo de influência na remoção do delegado Sandro Vianna dos Santos, que vinha conduzindo as investigações.
O anúncio da remoção aconteceu no dia seguinte às afirmações do delegado, de que os documentos apreendidos em operação realizada na terça-feira pela PF eram suficientes para comprovar a existência do caixa dois. Nos meios políticos circulou insistentemente o boato de que o delegado teria sido afastado em função de um bilhete anônimo informando que sua manutenção no cargo se deveria à indicação do deputado federal José Janene (PP), um dos principais envolvidos nas denúncias de mensalão pelo deputado Roberto Jefferson (PTB). Os petistas enalteceram o seu trabalho à frente da PF londrinense e consideraram mera coincidência a decisão administrativa neste momento. O presidente do diretório regional do PT, deputado André Vargas, citado nas denúncias de Soraya, também participou da entrevista, ao lado do presidente do diretório municipal, Jacks Dias.
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Dias afirmou que o PT não vai assistir passivamente a essa onda de denuncismo que o atingiu desde que surgiram as primeiras referências ao "mensalão" em Brasília: "Não vamos deixar que nossa imagem, construída sobre conceitos de ética, honra e honestidade, seja destruída por denúncias infundadas como essas, feitas pela sra. Soraya Garcia. Queremos que o Ministério Público e a Polícia Federal investigue profundamente o caso, porque isso vai mostrar que não se orquestrou nenhum caixa dois em Londrina. Já estamos realizando uma auditoria nas contas do partido e nas contas da campanha, para mostrar que o PT agiu com lisura e dentro da lei e quer ver tudo devidamente esclarecido".
Ele lembrou que o PT de Londrina tem feito campanhas modestas, sem comícios e seus tradicionais aparatos: "Contamos com uma militância aguerrida, que arregaçou as mangas e nos ajudou a fazer, com inteligência e criatividade, uma campanha barata, percorrendo todos os bairros da cidade com reuniões para discutir projetos e transformações sociais". Rebatendo as acusações de Soraya, pleiteou acesso às provas e ao inquérito: "Vivemos um estado de direito e queremos ter respeitado o nosso direito de defesa, o que não está ocorrendo neste momento", afirmou.
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