Os peritos particulares encarregados da varredura na Assembleia Legislativa concluíram que parte dos equipamentos localizados nas salas da presidência e 1ª secretaria era destinada à escuta ambiental. Enquanto outros aparelhos poderiam ter dupla finalidade, tanto de bloqueio de grampos como de transmissão de conversas telefônicas.
O relatório, assinado pelos peritos da empresa Embrasil, contratada para o trabalho pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), foi entregue nesta terça-feira ao presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Rangel (PPS). Rangel não divulgou o conteúdo do relatório, mas afirmou que os técnicos informaram que, entre os equipamentos, estava um aparelho de escuta de alta potência, cuja comercialização não é autorizada.
Rangel comentou as informações divulgadas nesta terça-feira sobre a possibilidade de os equipamentos terem sido encomendados pela Mesa Executiva anterior da Assembleia Legislativa para detectar e bloquear grampos telefônicos. O presidente da CPI disse que teve acesso aos documentos sobre os pedidos feitos pela mesa anterior e que não há afinidade entre o que foi solicitado e a aparelhagem que foi encontrada pela Embrasil. “Uma coisa não combina com a outra”, afirmou.
Cópias de ofícios da Mesa foram vazadas nesta terça-feira mostrando que o ex-diretor geral Eron Abboud havia autorizado que fossem realizados orçamentos para a compra de aparelhos detectores e bloqueadores de escutas ilegais.
Para Rangel, o descompasso das informações sobre as compras anteriores de equipamentos pela antiga direção e o resultado da varredura contratada pela atual está chamando a atenção. “Muitas coisas estranhas estão aflorando por aqui”, afirmou Rangel.
No relatório, a empresa Embrasil afirma que foram encontrados dispositivos eletrônicos, conectados a antenas, “que podem ser utilizados para captação de áudio”, sem identificação de fabricação e não homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), assim como transmissores e receptores de rádio e “diversos fios cortados nos quadros de distribuição de telefone que sugerem a existência de conexões não justificadas”.
A Embrasil salienta que a certificação da Anatel é obrigatória para qualquer equipamento que transmita ondas de rádio, fabricado ou comercializado em território nacional. “Podendo-se concluir portanto que trata-se de comercialização ilegal”.
O relatório conclui, ainda que “chama atenção a aparente potencia e formato de antenas que podem emitir freqüência prejudicial à saúde dos freqüentadores desta sala se o sistema estiver ligado”.