Relatórios de gerente da agência do Banestado em Nova York descrevem visitas, em duas viagens ao Brasil, a quatro doleiros que movimentaram US$ 2,39 bilhões em 21 meses. As operações, via contas CC-5 (para não-residentes), estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Os documentos, assinados por Ércio de Paula Santos, fazem parte do trabalho da CPI do Banestado na Assembléia Legislativa e foram entregues pelo presidente da comissão paranaense, deputado Neivo Beraldin (PDT), à CPI do Banestado instalada no Congresso Nacional.
Beraldin não quis comentar os relatos do gerente. “Estão sob segredo de Justiça. Só posso dizer que os documentos mostram que o banco conhecia as atividades irregulares de seus clientes.”Entre os doleiros, o maior é Alberto Youssef, responsável, segundo a Polícia Federal, por quatro contas. Movimentou US$ 876,8 milhões entre 1996 e 1997. Youssef nega as irregularidades.
O gerente informa que, em 18 de dezembro de 1995, visitou o escritório de Youssef em Londrina, mas o dono da empresa se encontrava em São Paulo. Fala do aumento do volume de negócios na ocasião, “em razão de final de ano, consolidação de balanços, caixa 2 de empresas etc.”. O advogado de Ércio, Alessandro Silvério, disse que seu cliente só se manifestará em juízo.
No mesmo trecho do relatório, Santos registra a dificuldade de Youssef para depositar os “R$ (reais) em conta do BDP (Banco del Paraná) em algumas agências de SP, em razão de se constituir um depósito em conta CC5”. Os outros doleiros citados nos relatórios são Silvio Anspach, Alexander Ferreira Gomes e Gilberto Benzecry. Juntos, remeteram US$ 1,51 bilhão para o Banestado de Nova York. Eles negam a existência de irregularidades.