Em uma última tentativa de aprovar novas regras para as eleições de 2018, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) enxugou o projeto da reforma política e apresentou um texto ao plenário da Câmara nesta segunda-feira, 2, de apenas 14 páginas. A última versão divulgada tinha 49 laudas.

continua após a publicidade

Pelo acordo que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta costurar, o plenário vai tentar votar nesta terça-feira, 3, tanto o projeto que cria o fundo público que veio do Senado quanto essa versão mais enxuta do relatório do deputado petista.

continua após a publicidade

A proposta de Maia é que os deputados votem o texto do Senado na íntegra, com a garantia de que o presidente Michel Temer vetará pontos que não agradou à Câmara, como a forma de distribuição do fundo entre os partidos e a permissão para que os recursos do Fundo Partidário sejam usados apenas nas eleições majoritárias.

continua após a publicidade

Na semana passada, Maia já tentou selar esse mesmo acordo, mas não obteve sucesso. Nesta segunda, partidos como o PR, PRB e Podemos continuaram apresentando resistência a essa ideia e não descartam obstruir a votação nesta terça-feira.

Para que as novas regras valham para as eleições de 2018, elas têm de ser aprovadas pelo Congresso esta semana e serem sancionadas até o dia 7 de outubro.

Relatório. O texto apresentado por Vicente nesta segunda traz regras para regulamentar o fundo do projeto do Senado, como uma nova forma de distribuir os recursos entre os partidos.

O relator também manteve no texto os limites de gastos para as campanhas. Um candidato a presidente da República, por exemplo, poderá gastar no máximo R$ 70 milhões. Em 2014, a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff custou R$ 350 milhões e do senador Aécio Neves, que também concorreu à Presidência, R$ 216,8 milhões.

Pelo texto de Vicente, uma campanha de governador vai poder custar, no máximo, R$ 21 milhões; a de senador, R$ 5,6 milhões; a de deputado federal, R$ 2,5 milhões; e a de deputado estadual, R$ 1 milhão.

O projeto também estabelece um teto de doações de pessoas físicas, que não poderão ultrapassar 10% do rendimento bruto do doador, limitado a dez salários mínimos para cada cargo em disputa. Na prática, em 2018, uma pessoa vai poder doar, no máximo, cerca de R$ 50 mil.

A proposta traz ainda regras para o chamado “autofinanciamento”. Quem concorrer a cargo majoritário poderá utilizar recursos próprios em sua campanha até o limite R$ 200 mil; já o candidato ao cargo de deputado (federal ou estadual) poderá doar até 7% do limite de gastos determinado para cada campanha.

O relator também manteve regras que beneficiam os partidos, como a permissão para parcelar em até 60 vezes o pagamento das multas e ter um desconto de até 90% se o pagamento for feito a vista.

Vicente, no entanto, retirou temas polêmicos do texto, como a proibição de divulgar pesquisas eleitorais na semana da eleição e a chamada habilitação prévia de candidaturas.