O deputado federal e sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Gustavo Fruet (PSDB), disse ontem, em entrevista coletiva na Federação das Indústrias do Estado do Paraná, que irá pedir à Polícia Federal (PF) os dados do referentes à conta da offshore Dusseldorf, em Miami, a fim de que se possa conseguir ligar outras contas com a de Marcos Valério. Segundo Fruet, os dados das Dusseldorf estão com o Ministério da Justiça e devem ser repassados à PF, que assessora a CPMI nas investigações.
O deputado espera não ter problemas com a Polícia Federal para obter as informações, mas disse que se for necessário irá até a Justiça para consegui-los. Para Fruet, o acordo bilateral entre Estados Unidos e Brasil, que possibilita a quebra de sigilo financeiro para investigações criminais, não deve limitar os trabalhos da CPMI.
"A comissão está fazendo uma investigação criminal, em nosso entendimento devemos ter acesso aos dados da conta Dusseldorf. Não são todos os dados que nos interessam", afirmou. Fruet disse que a Dusseldorf era alimentada por outras contas, e que investigá-las pode trazer mais resultados para a CPMI. "O acesso à essa conta é uma briga nossa. É uma documentação muito importante", afirmou.
Resultados
O relator da CPMI, Osmar Serraglio (PMDB), que também participou da coletiva, rebateu a afirmação do presidente Luís Inácio Lula da Silva, de que a comissão estaria fazendo um "denuncismo vazio". Segundo Serraglio, ele não tem emitido juízos de valor, mas somente mostrado fatos. "Uma coisa é denunciar, outra é apresentar resultados", disse.
Defesa
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) defendeu, nesta segunda-feira, o relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que teria sido duramente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter declarado, na semana passada, que a fonte dos empréstimos concedidos ao PT pelo BMG, através do publicitário Marcos Valério, foi o Banco do Brasil, por meio de um esquema que envolveria a operadora de cartões de crédito Visanet. Para Álvaro Dias, tentar desqualificar Serraglio, "um homem sério, honesto e preparado", é cometer uma injustiça.
Sociedade discute mudança do sistema eleitoral
Mudança de sistema eleitoral, voto distrital e financiamento de campanhas foram alguns dos temas do debate sobre reforma política que aconteceu ontem na Federação da Indústrias do Paraná (FIEP). A discussão contou com a participação do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, Antônio Carlos Biscaia (PT) e dos parlamentares Osmar Serraglio (PMDB), relator da CPMI dos Correios, e Gustavo Fruet (PSDB), sub-relator dessa mesma comissão. Embora uma reforma política não possa mais ser implementada para as eleições de 2006, pois o prazo para tal expirou em dois de outubro, Biscaia lembrou da importância do tema. "Há diversas propostas de reforma, mas qualquer alteração é muito difícil", disse ele.
Para Biscaia, o sistema atual facilita a corrupção. Além disso, afirmou ele, a maior preocupação dos políticos é com os próprios mandatos. "Eles reagem contra a qualquer mudança que possa afetar o futuro de seus mandatos."
Biscaia defende que a reforma seja realizada por uma constituinte exclusiva e que os seus integrantes fiquem inelegíveis para um mandato subseqüente, a fim de que os interesses pessoais não afetem as decisões. Segundo ele, uma reforma não foi realizada antes por falta de interesse. "É preciso uma revisão constitucional política, tributária e parte da trabalhista", disse.
Entre as sugestões para a reforma política estão as apresentadas pelo presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo Costa da Rocha Loures, que acredita na possibilidade de uma revisão constitucional, através de uma constituinte exclusiva, que poderá debater e votar uma proposta de transformação da base dos sistema eleitoral. Loures defende que o sistema eleitoral passe de proporcional a distrital. Segundo ele, é pelo voto distrital que se elege o Congresso em países desenvolvidos. (RD)