Foto: Aliocha Maurício |
Stephanes: ex-ministro pode entrar na equipe de Lula. |
Há um paranaense que, silencioso, está com a cotação alta para assumir um ministério no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Trata-se do deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB-PR), que atualmente é o nome mais cotado, entre os parlamentares peemedebistas, para assumir o Ministério da Saúde. Stephanes foi ministro da Previdência Social (de 1992 a 1998) e presidente do INPS (1974 a 1979).
No entanto, Stephanes enfrenta uma forte oposição: a do governador do Rio, Sergio Cabral Filho (PMDB), que ontem voltou a defender a indicação do médico sanitarista José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde. A sugestão do nome de Temporão, que é secretário de Atenção à Saúde do ministério, foi dada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro. No entanto, a designação dele tem resistências da bancada do PMDB na Câmara, que não o aceita como ministro na cota do partido no governo.
?Esse é um pleito do Estado do Rio e da saúde. Soube da manifestação de grandes médicos, das grandes entidades da saúde pública, todas defendendo o doutor Temporão para a saúde?, disse Cabral Filho, no fim de uma cerimônia de assinatura de convênio do governo do Rio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no Palácio Laranjeiras, zona sul da capital fluminense. Ele disse ter aconselhado Lula a usar o critério técnico para decidir o novo titular da pasta da Saúde. ?Acho que é fundamental não se fazer política na educação, na saúde e na segurança. É assim que eu tenho feito aqui e é uma sugestão minha ao presidente Lula: botar um nome técnico?, afirmou o governador do Rio.
Enquanto Cabral defendia o nome de Temporão para o Ministério da Saúde, outro governador também fazia lobby para emplacar seus indicados na equipe de Lula. Trata-se do governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), que defendeu mais espaço para o PT na reforma ministerial. ?O partido não pode abdicar de sua responsabilidade de sugerir, apresentar proposta de ocupação de espaços e, obviamente, de apresentar nomes de seus militantes que possam desempenhar funções no governo. Agora, a decisão é do presidente da República. O apoio do PT ao presidente não pode ser condicionado ao tamanho da participação ou a nomes de ministros. Obviamente que o partido tem o direito e até o dever de reivindicar e apresentar nomes?, disse.
Ao elogiar a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), cotada para o Ministério da Educação, Déda disse que o ?PT tem quadros que poderiam desempenhar com muita competência a tarefa de ministro das Cidades?. Segundo Déda, ?o PT tem extraordinária experiência nas prefeituras, tem acúmulo em estudos de questões urbanas e êxito na administração de cidades de pequeno, médio e grande portes. Um quadro como Marta Suplicy é preparado para uma hipótese como essa. O PT tem também uma tradição na área social. O partido tem direito de dizer em que setores ele pode dar sua contribuição ao governo, do mesmo modo que o presidente tem o direito de dizer ao PT qual é o limite de sua participação e da necessidade de incorporar o partido. É um processo que está nas mãos do presidente. Os partidos podem propor, mas a decisão final é do presidente?, afirmou.
Sobre o contingenciamento de verbas orçamentárias, anunciado anteontem pelo governo federal, ele afirmou que espera que esse bloqueio ?seja inteligente: atenda os objetivos fiscais que ele pretende, mas não se limite a passar uma régua linear em todos os investimentos?. ?Na situação em que está o País, nós precisamos deixar intocáveis as verbas para segurança pública?, observou.