A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 15, o ex-secretário da Casa Civil do Rio, Régis Fichtner (Governo Sérgio Cabral). Ele é alvo de uma nova etapa da Operação Lava Jato. A investigação também mira o coronel da Polícia Militar Fernando França Martins, tido como a “pessoa da mala” do ex-secretário. A funcionária da Casa Civil Ana Lúcia Vieira foi intimada a prestar informações. A PF também cumpriu mandado de busca e apreensão nos endereços dos investigados.

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O ex-secretário havia sido preso em novembro de 2017 na Operação C’est Fini. Ele foi solto por decisão do desembargador Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), uma semana após a prisão.

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Na ocasião, o Ministério Público Federal afirmou que Regis Fichtner tinha amplo poder na hierarquia da organização criminosa liderada por Cabral. O ex-secretário foi acusado de ter recebido R$ 1,56 milhão em vantagens indevidas e usado seu cargo como chefe da Casa Civil para favorecer empresas de outros integrantes da organização.

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Ele foi um dos integrantes da festa que reuniu políticos do Rio em Paris, em 2009, e que ficou conhecida como “Farra dos Guardanapos”. No episódio, secretários de Cabral e empresários que tinham altos contratos com o poder público se reuniram para uma confraternização de luxo. Nas fotos que vazaram do evento, porém, ele não aparece com a cabeça coberta por um pano, diferentemente de outros integrantes do grupo.

Fichtner foi suplente de Sergio Cabral no Senado de 2002 a 2007. No mesmo ano, ele assumiu a secretaria da Casa Civil de Cabral, onde ficou até 2014.

O Ministério Público Federal aponta fatos novos para a prisão de Régis Fichtner. Os procuradores identificaram “o homem da mala” de Fichtner, o coronel Fernando França Martins, suspeito de ser o responsável por recolher parte da propina recebida pelo ex-secretário.

A Procuradoria afirma que há “farta demonstração” de que Fernando Martins era pessoa de confiança de Fichtner e responsável por recolher parte da propina recebida pelo então secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

O coronel foi descrito por um dos colaboradores como “uma espécie de segurança” de Fichtner. A proximidade era tanta, que a agenda telefônica do ex-secretário continha informações do CPF e RG do coronel. Em informações bancárias, entre 2014 e 2016, houve transferência na ordem de R$ 725 mil do ex-secretário ao coronel.

Dentre os fatos que justificam essas prisões, segundo a Lava Jato, é que ainda existe patrimônio ocultado por Fichtner, além de indícios de sua atuação na destruição de provas. “A manutenção de Régis Fichtner solto permitiria a dilapidação patrimonial, lavagem e ocultação de bens fruto de práticas criminosas”, argumentam os procuradores da República integrantes da força-tarefa da operação no Rio de Janeiro.

Figura central do braço administrativo da organização criminosa de Cabral, Fichtner comandou a Casa Civil nas duas gestões do ex-governador, entre 2007 e 2014, e recebeu mais de R$ 1,5 milhão em propina.

Como chefe da Casa Civil, “era o responsável por articular os atos de governo mais importantes, usando de sua habilidade jurídica para buscar saídas minimamente defensáveis (aos olhos daqueles que desconheciam os atos de corrupção e a verdadeira motivação do ato) para justificar, por exemplo, alterações contratuais, editais de licitação, benefícios fiscais ou mesmo a contratação de obras”, detalham os procuradores.

Ele tinha relacionamento bastante próximo a Cabral, ocupando cargo estratégico na administração estadual, a partir do qual pode ter efetuado diversas manobras em favor dos demais membros da organização criminosa, bem como dos corruptores.