A 68ª assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) começou hoje, em São Paulo, com um debate sobre o conflito entre o direito de informar e o direito à privacidade.
A atriz Regina Duarte abriu o seminário questionando se é possível que editores e celebridades cheguem a um “comum acordo”. Afirmou seu “apoio total e incondicional à mais plena liberdade de imprensa”, mas também relatou episódios em que sua vida privada foi invadida, por exemplo, com fotos ao lado de netos. “É aceitável que se ganhe dinheiro expondo a privacidade?”, questionou, vendo “evidente falta de ética”.
Edgardo Martolio, superintendente editorial da revista “Caras”, afirmou que não estava no evento “para defender toda e qualquer invasão de privacidade” e sublinhou que, “na maioria das vezes, o interesse dos famosos e o interesse da publicação coincidem”. Afirmou também ter aprendido, em mais de 40 anos na área, que “os artistas são amados”, sobretudo no Brasil, “e temos de mostrar o lado bom deles”. Já “com políticos é diferente”.
A advogada da Folha de S.Paulo Taís Gasparian ressaltou que “o mais importante, quando se fala em liberdade de imprensa e direito à privacidade”, é o reconhecimento hoje predominante de que a responsabilidade sobre o que é publicado deve ser julgada “posteriormente”, evitando assim a censura. Já é assim no ordenamento jurídico na Europa, nas Américas e no Brasil, e as tentativas de censura prévia ainda existentes no país tendem a refluir, avalia.
Também no evento, Ellyn Angelotti, do Instituto Poynter, escola de jornalismo da Flórida, nos EUA, levantou questões relativas ao direito de privacidade no ambiente digital, onde “o público se tornou o editor” e “a verdade pode ser algumas vezes distorcida”. Ela defendeu para os jornalistas uma nova tarefa, de checar e autenticar o que surge on-line. A mediação do debate foi feita pela colunista Patrícia Kogut, do jornal “O Globo”.