Pelo menos 170 municípios do Piauí estão sofrendo os efeitos da estiagem, parte deles com perdas agrícolas superiores a 80% da safra e sem água para o abastecimento. O problema afeta mais de 135 mil famílias – muitas delas, ainda correm o risco de perder o Bolsa-Família, uma das poucas fontes de renda locais. O Ministério do Desenvolvimento Social deu prazo até 31 de outubro para que os beneficiados façam o recadastramento no Bolsa-Família, que atende 410 mil famílias no Estado. Dessas, 170.951 mil, que ainda não se recadastraram, podem ter o benefício bloqueado.
O secretário de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí (Fetag), Paulo Carvalho, afirma que o semiárido passa por uma situação crítica de falta de água e comida. Na região de Picos, a safra teve queda de 60%. Municípios de Pio IX, Caridade do Piauí, Fronteira e São Raimundo Nonato enfrentam a falta de água. A principal fonte de renda local é o Bolsa-Família ou aposentadorias individuais.
A Fetag iniciou um cadastro para pedir cestas de alimentos para quem sofre com a seca. “Elas (as famílias) não têm perspectiva de receber nada. Somos contra a cesta básica, é um paliativo que não resolve o problema. Mas a situação é difícil”, disse Carvalho. “Ainda temos outubro, novembro e dezembro para que a chuva possa vir.” Segundo a Fetag, apenas 68 mil famílias – metade das afetadas pela seca – poderão receber o seguro-safra, cuja primeira parcela será paga a partir do dia 18. Pelo menos 30 municípios não vão receber a primeira parte do seguro-safra: boa parte dos prefeitos não pagou a contrapartida para o seguro, de R$ 6,50 por família.