A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma questão de vida ou morte para o PT. O clima de tudo ou nada foi evidenciado ontem, durante reunião de governantes e parlamentares petistas com o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), antes da festa de comemoração pelos 26 anos da legenda. ?Nosso projeto está em xeque (…) Se a gente não ganhar, não escapa ninguém, não sobra nada (…). É como uma disputa de Copa do Mundo?, disse o governador do Acre, Jorge Vianna, em discurso fechado para os poucos mais de 40 participantes. ?Vamos mostrar que o presidente é muito bom e que o PT é outro partido?, afirmou. Vianna afirmou que o PT deve reconhecer ter errado ao usar recursos de caixa dois, mas que ?não vai cair nesse jogo de novo?.
Ele contou aos companheiros que, na chegada, foi questionado por jornalistas sobre a política de alianças da campanha da reeleição e o ?apoio dos partidos do ?mensalão?? ao presidente. O governador repetiu o que havia dito pouco antes. ?Eu trocaria ?mensalão? por caixa dois. Se o critério for caixa dois, não haveria partido para conversar. O importante é não repetir essa prática?, defendeu.
Berzoini disse que temas sobre os quais há divergências na legenda, como o melhor momento para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir a candidatura e as alianças partidárias, foram tratados na reunião, mas ?não de forma decisiva?, porque geram polêmica. ?Quem tem inteligência política trabalha para reduzir o grau de polêmica e construir consensos. Essa é minha tarefa este ano e procuro desempenhar, inclusive renunciando a opiniões, quando é necessário?, disse o presidente do partido.
Algumas divergências ficaram claras na reunião de ontem. Embora tenha dito compreender ?a posição do presidente? de adiar ao máximo o anúncio da candidatura à reeleição, o prefeito de Recife, João Paulo, disse que seria bom para estados e municípios que a candidatura fosse apresentada logo, para facilitar as alianças regionais. ?O melhor para nós pode não ser o melhor para o presidente. Se (Lula) lançasse (a candidatura), ajudaria muito o perfil das alianças nos estados?, disse Paulo. Meia hora depois, Vianna chegou ao encontro com o discurso oposto.
?Serra terá de se justificar se deixar SP?
São Paulo (AE) – O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), terá de explicar-se à população da capital paulista, caso opte por deixar o cargo para disputar a corrida presidencial deste ano, pois, na campanha eleitoral à Prefeitura prometeu que cumpriria o mandato até o fim. Ao comentar qual dos pré-candidatos tucanos seria mais forte na disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Berzoini reconheceu que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enfrenta a dificuldade de não ser tão conhecido nacionalmente, mas reservou a maior parte dos comentários a Serra.
?O prefeito de São Paulo, José Serra, se sair candidato, vai ter de explicar-se?, afirmou Berzoini. Logo após as gravações, ele elevou o tom, sugerindo até mesmo que o prefeito de São Paulo está diante do desafio de manter a palavra diante do eleitorado. ?Evidentemente, isso será um fato político e não será sequer o PT que vai cobrar, mas a própria opinião pública vai cobrar porque a palavra é algo muito valorizado hoje – não só hoje, mas de maneira geral – em relação aos políticos. Portanto, qualquer tipo de incoerência pode ser cobrado?, disse.
Berzoini retomou as críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por causa da entrevista concedida por ele à revista IstoÉ, há pouco mais de uma semana. Na ocasião, Fernando Henrique fez uma série de ataques ao PT, afirmando até mesmo que a ética do partido é ?roubar?.
O presidente nacional do PT ressaltou que ele ofendeu a honra dos 840 mil filiados da legenda e insistiu que a direção petista não aceitará as declarações. Berzoini apontou também a possibilidade de alguns petistas moverem ações individuais contra FHC, além da que a sigla interporá.
