Com o encolhimento da bancada do PT na Câmara nesta eleição e com a fragmentação da Casa em 28 partidos, a primeira tarefa do segundo governo Dilma Rousseff será recompor sua base de sustentação e tentar formar uma maioria de deputados que lhe garanta força para aprovar suas promessas de campanha, entre elas a reforma política.

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A principal promessa defendida por Dilma em seu discurso de vitória, por exemplo, será alvo de intensa disputa. Embora deputados de todos os partidos propaguem a necessidade de uma reforma política, os termos para essas proposta opõem um bloco liderado pelo PT e as demais siglas da Casa.

O PMDB, maior partido aliado, é contrário ao fim do financiamento empresarial das campanhas, bandeira histórica de petistas. As duas legendas também estão em lados opostos sobre a convocação de um plebiscito para que a população indique as diretrizes dessa reforma. O PT quer esse tipo de consulta popular, enquanto os peemedebistas rechaçam a ideia e argumentam que o melhor é que um referendo deve ser convocado após a discussão no Congresso para chancelar as decisões.

A eleição de um número maior de bancadas nanicas, dizem deputados, também deve dificultar a votação de itens como a cláusula de barreira – mecanismo pelo qual partidos que não alcancem um desempenho mínimo nas eleições não podem ter representação no Parlamento. “É um diálogo que teremos que fazer. A decisão tomada pelo povo (nas eleições) foi nessa direção”, diz o ex-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS). Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) defende que o tema seja tratado pelo Congresso antes das eleições municipais de 2016.

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A viabilidade da aprovação de uma reforma política é questionada até mesmo por petistas. “Com esta correlação de forças, não acredito (na aprovação da reforma política). Não temos número para aprovar uma medida como esta”, declarou o deputado Sibá Machado (PT-AC), atual vice-líder da bancada, que acredita que o assunto tende a se “esfriar” nos próximos meses.

Já prevendo as dificuldades com o Congresso no próximo mandato de Dilma, o PT tem pressionado para que o Palácio do Planalto reforce sua articulação política. Além do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, lideranças do partido defendem que outros nomes de peso, como o do governador da Bahia Jaques Wagner, sejam escalados para ajudar nas negociações com os deputados. Fora as legendas que apoiaram a reeleição de Dilma, como o PMDB, PSD, PR e PP, petistas apostam que é possível recuperar o suporte de deputados do PTB e até mesmo dissidências do PSB, siglas que apoiaram oposicionistas. “Parte do PSB estará disposta a compor com o governo”, diz Zarattini (PT-SP).

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Um reforço da equipe responsável pelo diálogo do Palácio do Planalto com o Congresso também é necessário, avaliam petistas, devido à eleição para a presidência da Câmara para o próximo biênio. Desafeto do Planalto, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), pavimenta sua candidatura e deve enfrentar um nome indicado pelo PT, rompendo um acordo de revezamento no comando da Casa que remonta a 2006. “É normal e natural que a gente tenha o direito de indicar um candidato”, afirma Marco Maia, um dos petistas cotados a concorrer no ano que vem.