Receita destaca gasto de R$ 46,8 mil por ano de Gabas com aluguel de mansão

Documento produzido pela Receita Federal no âmbito da Operação Custo Brasil – que apura desvios de mais de R$ 100 milhões nos empréstimos consignados de servidores federais – revela que o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas pagou R$ 46,8 mil para a filha do ex-presidente da Previ (fundo de pensão dos servidores do Banco do Brasil) pelo aluguel da mansão em que ele mora, em Brasília.

Com mais de 450 metros quadrados de área construída, num amplo terreno no Lago Norte da capital federal, Gabas mora no imóvel desde 2006, segundo documento da Receita. São quatro suítes e duas dependências de empregados, piscina e canil.

“Foi declarado pagamento de aluguel de imóvel no valor de R$ 36,8 mil para Rodolfo Figueiredo Lira, filho do senador Rodolfo (sic) Lira e ex-marido de Vanessa Bilacchi”, informa relatório documento da Receita. O pai de Rodolfo Figueiredo Lira é o senador Raimundo Lira, do PMDB da Paraíba, presidente da Comissão de Impeachment da presidente Dilma. “Vanessa é filha de Jair Bilacchi, ex-presidente do fundo de pensão Previ.”

O documento da Receita anexado nos autos da Custo Brasil aponta ainda que, no ano-calendário 2013 (base 2012), Gabas declarou ter pago aluguéis para “Vanessa e para Rodolfo no valor de R$ 44 mil e, no ano seguinte, outros R$ 46,8 mil somente para Vanessa”.

Conhecido por ter levado a presidente afastada Dilma Rousseff para um passeio na garupa de sua moto Harley Davidson, em 2013, Gabas foi alvo da Operação Custo Brasil. Ele era um dos beneficiários da propina de 70% cobrada da empresa Consist Software, para que ela operasse o sistema via internet de créditos consignados dos servidores federais. Uma esquema que entre 2010 e 2015 desvio mais de R$ 100 milhões, em especial, para o PT e membros do partido.

Além de Gabas, os alvos principais são o ex-ministro do Planejamento e Comunicações Paulo Bernardo, sua mulher a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) – que será investigada outro procedimento – os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Paulo Ferreira e o ex-secretário de Gestão da Prefeitura de São Paulo, na gestão Fernando Haddad (PT), Valter Correia da Silva.

A Custo Brasil é uma das operações que nasceram das descobertas da Lava Jato, em Curitiba. Em 2015, quando o escândalo Petrobras já atingira o esquema de contratos de informática no Ministério do Planejamento, os pagamentos de aluguel do imóvel foram feitos por Gabas para a VB14 Administração e Participações Ltda.

“Empresa em nome de Vanessa e sua mãe Vanderli Aparecida Poleto Bilacchi”, informa a Informação de Pesquisa e Investigação (IPEI) SP20160004, da Receita.

Em 2015, o blog O Antagonista publicou cópia do contrato de locação em nome de Gabas e da VB14. Válido de 2015 a 2020, o valor registrado do aluguel é de R$ 6.400,00 mensais.

Bancoop

O documento da Receita analisou as declarações oficiais de todos os investigados da Custo Brasil. No documento, foi destacado ainda que Gabas também é dono de um apartamento da Bancoop, cooperativa habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo, criada por membros da cúpula do PT que teve Vaccari como presidente.

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