Rebelados do PMDB apóiam Chinaglia

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney atravessam a virada do ano como os peemedebistas de maior prestígio junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso, mas vão começar 2007 enfrentando uma rebelião da bancada de deputados contra a hegemonia do poder da dupla sobre a Câmara. Convencidos de que os dois senadores trabalham pela reeleição do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deputados do PMDB de 12 estados estão se articulando em torno da candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), só para impor uma derrota à dupla.

 Este grupo, que hoje é majoritário na Câmara, reconhece que Renan e Sarney são os grandes beneficiários da estratégia adotada pelo Palácio do Planalto na reforma ministerial. Embora líderes petistas e ministros influentes, como Tarso Genro, das Relações Institucionais, tenham defendido que o presidente Lula apressasse as mudanças na equipe e começasse o segundo mandato com um governo de cara nova, quem venceu o jogo de pressão foram os dois senadores do PMDB. Eles pregaram o adiamento da reforma do ministério para depois da sucessão do Senado, temerosos de que as escolhas do presidente gerassem insatisfações na base aliada e que Renan pagasse a conta na hora da reeleição.

Além de evitar que a sucessão no Senado ficasse sujeita à habilidade presidencial na montagem da equipe, Renan ganha dobrado com o adiamento das mudanças. Um deputado que lhe faz oposição adverte que, uma vez sentado na cadeira de presidente por mais dois anos, Renan reforçará sua força perante o Planalto na negociação da partilha do poder no governo de coalizão.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e vários líderes informais do partido, como o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), defendem a candidatura do petista Arlindo Chinaglia a presidente da Câmara em nome da proposta de rodízio entre os dois partidos. O acordo assinado pelo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, prevê o apoio do PMDB a Chinaglia agora, em troca do compromisso dos petistas de apoiar o candidato do PMDB a presidente da Casa, daqui a dois anos. Habilidoso, Geddel argumenta que esta é a melhor solução, inclusive para facilitar a reeleição de Renan com o apoio fechado da bancada de senadores do PT.

Na realidade, porém, o que está em jogo é a interlocução do PMDB com o presidente Lula e os deputados peemedebistas não querem fortalecer Renan e Sarney nesta posição. Alegam que, nos últimos anos, os interesses dos deputados foram relegados a um segundo plano, porque os interlocutores do PMDB operavam visando a atender apenas a bancada de senadores.

Candidato único

Na reunião com o Conselho Político do PT, ontem, no Palácio do Planalto, o presidente Lula aconselhou o partido a trabalhar em torno de um candidato à presidência da Câmara que represente o conjunto da coalizão de governo que ele está montando. O PT esperava ouvir do presidente apoio formal à candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Lula tem afirmado que é amigo de seu líder e também do atual presidente, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que aspira continuar no cargo, e que qualquer um deles será um bom candidato, desde que tenha o consenso de toda a base.

O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), que participou da reunião com Lula, disse que na sua opinião dentro de 10 a 15 dias poderá ser encontrado o candidato de consenso para a base de apoio de Lula. Ele é coordenador da candidatura de Chinaglia, mas aceitaria a de Rebelo, desde que houvesse a demonstração de que o atual presidente da Câmara tem mais condição de unir os partidos da coalizão. ?Temos um diálogo institucional com o PMDB. Mas não há ainda uma decisão deles, embora eu tenha a informação de que muitos integrantes do partido defendem a candidatura de Chinaglia?, afirmou Fontana.

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