O jurista Miguel Reale Jr. afirmou ontem que vai mobilizar o movimento ?Da Indignação à Ação?, encabeçado por ele, para redigir uma petição de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a operação montada pelo Planalto para barrar a prorrogação da CPMI dos Correios é ?motivo mais que suficiente para pedir o impedimento do presidente?. ?Ficou configurada a compra de deputados para conseguir barrar uma CPMI que investiga seu governo. O presidente não pode mais comandar a nação?, disse ele, que foi ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso e redator do processo que desembocou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Para o jurista, o presidente não só quebrou o decoro do cargo ao liberar verbas para barrar a investigação, como mentiu, o que, na opinião dele, ajuda a configurar o crime de responsabilidade. ?Na sua última entrevista, ele falou que não iria interferir nas investigações. Mentiu e agora deve ser responsabilizado com a perda do mandato?, afirmou.
O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reagiu à proposta de Reale e afirmou que o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é ?incoerente?. ?É uma proposta incoerente, de uma pessoa que tem vínculo com a oposição e se esconde na posição de suposto jurista para esconder sua posição partidária?, reagiu. Na avaliação de Berzoini, a posição de Reale Jr. é contraditória porque ele foi ministro do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. ?Ele deveria é ter pedido o impeachment de FHC?, disse.
O presidente nacional do PT lembrou que o partido acusou a gestão Fernando Henrique de liberar verbas para barrar comissões parlamentares de inquérito (CPIs), mas não se conseguiu provar. ?É estranho que, agora, ele (Reale Jr.) se pronuncie a esse respeito.? Berzoini eximiu Lula de qualquer participação no episódio de retirada de assinaturas para a prorrogação da CPMI dos Correios.
?Posso assegurar que foi a base aliada que se mobilizou nesse sentido?, afirmou. Ele disse também que a liberação de verbas é sempre maior no fim do ano. ?Há várias semanas, existe uma movimentação de liberação de verbas porque é final de ano. Isso é normal.? Berzoini continuou: ?Final de ano também é um período de maior movimentação de parlamentares para liberar suas emendas e não houve liberação de recursos discrepante nesse período?.
O presidente nacional petista classificou a prorrogação da CPMI de ?manobra da oposição, que quer usar as CPIs como palco de disputa eleitoral?.