O governo do Estado não deve mais pagar este mês a reposição de 6% sobre os salários dos servidores públicos estaduais. A informação não foi confirmada oficialmente, mas o líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), declarou que a secretária da Administração, Maria Marta Lunardon, havia alertado que não haveria tempo de aplicar o percentual sobre os salários deste mês se o projeto fosse aprovado depois do dia 15.
A versão é que o governo fecha a folha de pagamento no dia 15 de cada mês e que já está esgotado o prazo para incluir o reajuste nos salários. Até ontem, a lei aprovada na semana passada pelos deputados estaduais ainda não havia sido encaminhada ao Palácio das Araucárias para a sanção do governador Roberto Requião (PMDB).
Deputados alinhados ao governo creditam a “culpa” pelo atraso da correção nos salários às bancadas de oposição e do PT, que apresentaram emendas à proposta original do governo, que provocaram o retorno do projeto à Comissão de Constituição e Justiça.
“Eu avisei que os prazos de votação estavam se esgotando. Falei muito sobre isso aos líderes. Contei que a Maria Marta tinha cobrado a votação, mas parece que ninguém entendeu”, afirmou Romanelli.
Quanto à possibilidade de o governo emitir uma folha de pagamento complementar para pagar a diferença do salário corrigido, o líder disse que não comentaria. “O governo é que tem que falar. Eu não sei”, afirmou.
No total, os deputados apresentaram dezessete emendas ao projeto. O bloco de oposição propôs a elevação do reajuste de 6% para 15% com pagamento este mês.
A bancada do PT apresentou emendas autorizando o Executivo a fazer correções graduais dos salários, até a próxima data-base em maio, alcançando os 15%, que correspondem ao reajuste do salário mínimo regional.
Em crise
O resultado da votação gerou uma crise entre o governo e a bancada do PT. O líder do governo criticou os três deputados petistas que se abstiveram na votação e os dois que votaram a favor das emendas, afirmando que o partido não se comportou como base de apoio do governo, apresentou propostas “demagógicas” e que os deputados não teriam mais tratamento de aliado.
A exclusão da base também foi a advertência feita pelo governador Roberto Requião (PMDB), antes da votação, para os deputados que defendessem as emendas.
Ontem, a reunião da executiva estadual do PT reafirmou a posição da presidente estadual do partido, Gleisi Hoffmann, que, na semana passada, disse que o governador deveria decidir se gostaria de manter o PT na base. E que cabe a ele afastar os secretários do partido que estão na sua administração.
Na sessão de ontem, o deputado Tadeu Veneri (PT) fez discurso na tribuna da Assembleia Legislativa afirmando que os peemedebistas estão “com perda de memória acelerada ou de memória seletiva”.
Segundo Veneri, o PT sempre foi “companheiro” do PMDB nas horas amargas. “Mas não vamos fazer o papel de ficar num canto choramingando. Nenhum deputado ou partido deve votar em troca de favores. Então, não tem problemas”, disse Veneri.
