O policial civil Délcio Razera afirmou ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Grampo Telefônico que, no episódio de sua prisão durante o período eleitoral, a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) esteve a serviço de adversários do governador reeleito Roberto Requião (PMDB). Razera disse que foi pressionado para que acusasse o governador de ser mandante de grampos ilegais, o que o policial nunca fez. ?Eu não tenho nada com isso, nem o governador. A minha prisão foi usada de forma direta na campanha?, disse.
O policial disse que, em seu trabalho de investigação, nunca fez escutas ilegais. Segundo ele, suas interceptações eram autorizadas pelos particulares que contratam seus serviços. ?Muitas vezes, atendi famílias que queriam saber se seus filhos usavam drogas?, afirmou. Razera foi preso pela PIC em setembro deste ano, acusado de realizar escutas ilegais de autoridades.
O policial civil acusou o coordenador da PIC, promotor Paulo Kessler, de usar a promotoria para fins políticos e para fins pessoais. Segundo ele, no mesmo dia em que foi detido, em 5 de setembro, foi também preso por escuta ilegal pela PIC o pai da sobrinha de Kessler, Deni Mateus dos Santos. O motivo, afirma o policial, seria o de garantir a guarda da sobrinha para a irmã de Kessler, numa disputa judicial.
Razera questionou o motivo pelo qual seu processo está sendo julgado em Campo Largo e disse estar certo de que lá será condenado. Ele afirmou que o juiz Gaspar Luiz Mattos de Araújo teria uma disputa judicial contra o Banco Itaú e que estaria para ser julgada por Gilmar Kessler. Razera sugeriu que poderia haver um acordo para a sua condenação.
O depoimento de Razera atrasou cerca de uma hora porque, segundo seu advogado, Luiz Comegno, a Polícia Militar não havia recebido a autorização judicial para que fosse possível conduzir o policial ao Plenarinho da Assembléia Legislativa. Até o fechamento desta edição, Razera continuava a ser ouvido pela CPI.