A Procuradoria-Geral da República enviou ao Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira, 14, recurso contra decisão que rejeitou denúncia contra o deputado federal Dudu da Fonte (PP/PE). Os embargos de declaração foram endereçados ao ministro Dias Tofolli, responsável pelo primeiro voto divergente que levou à rejeição da acusação, em sessão realizada pela Segunda Turma do STF, em dezembro.

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As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

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Dudu da Fonte foi denunciado por corrupção passiva por supostamente ter participado de “tratativas ilegais para assegurar vantagens indevidas ao então senador Sérgio Guerra (PSDB).

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O deputado nega enfaticamente envolvimento no caso.

Membro da Comissão Parlamentar de Inquérido (CPI) que investigou irregularidades na Petrobrás, Guerra (morto em março de 2014) teria recebido R$ 10 milhões das empresas Queiróz Galvão e Galvão Engenharia para que as investigações não produzissem resultados efetivos.

No recurso, a procuradora-geral Raquel Dodge rebate a alegação da defesa – acatada pelos ministros do Supremo Dias Toffoli e Gilmar Mendes – de que a denúncia se baseou apenas em elementos obtidos por meio de colaboração premiada.

Raquel argumenta que a decisão omitiu a gravação de reunião em que foram acertados os detalhes finais para o pagamento de propina a Guerra, “com a presença do senador, além de Eduardo da Fonte, o presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, Erton Medeiros, representando a Galvão Engenharia, o diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e Fernando Soares”.

O registro com a atuação do denunciado seria “prova essencial para o oferecimento da denúncia contra Eduardo da Fonte”, segundo a PGR.

No encontro, segundo Raquel, os investigados discutiram a possibilidade de se produzir um relatório “genérico” na conclusão da CPI da Petrobrás, “para não prejudicar os interesses dos envolvidos”.

Dudu da Fonte, que nega a participação na reunião, seria o intermediador das negociações para o pagamento de R$ 10 milhões em propina a Sérgio Guerra, como contrapartida pelo relatório inconclusivo.

O recurso da procuradora detalha, ainda, trechos transcritos dos diálogos durante a reunião, que, segundo ela, “evidenciam a intermediação de Eduardo da Fonte nas negociações do pagamento da propina”.

“O fato de que a solicitação de vantagem indevida verificou-se em termos velados não obsta essa conclusão, visto que o contexto no qual estão inseridos esses trechos da conversa deixa óbvio que a atuação do senador Sérgio Guerra para favorecer as empreiteiras responsáveis pelas obras irregulares, nos termos negociados nessa oportunidade, estava vinculada à contrapartida financeira, ou ao “suporte aí ao Senador””, esclarece Raquel Dodge no recurso.

Com a palavra, Dudu da Fonte

A reportagem está tentando contato com o deputado. O espaço está aberto para manifestação. Ele tem negado taxativamente envolvimento na trama denunciada pela Procuradoria.