O secretário-chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, rebateu ontem os argumentos do secretário municipal de Finanças de Curitiba, Luiz Eduardo Sebastiani e garantiu que o governo estadual cumpre os compromissos relacionados a repasses para a Prefeitura de Curitiba. ?Nenhuma obra foi paralisada?, disse Iatauro, ao lembrar que o governo aplica diretamente mais de R$ 700 milhões na capital.
?O governador (Roberto Requião) não vai paralisar os repasses. Sabe que foi eleito para atender a população?, afirmou Iatauro em resposta às declarações de Sebastiani, que esteve ontem na Câmara Municipal, ao lado de secretários Mário Tookuni (Obras) e Antônio Poloni (Planejamento), para explicar aos vereadores o motivo de atraso em obras do Programa Paraná Urbano II. Segundo Sebastiani, as obras estariam paralisadas desde setembro do ano passado, porque o governo do Estado não teria feito repasses à prefeitura do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), no valor de R$ 39 milhões.
Como já havia informado na primeira vez que a prefeitura reclamou da falta de repasses, em meados de fevereiro, Iatauro disse que o governo está verificando se ao repassar recursos não comete alguma irregularidade, por causa da inadimplência de uma dívida referente à Cidade Industrial de Curitiba.
Iatauro explicou também que em relação a Curitiba, o que existe é uma série de convênios assinados, porém nenhum ainda em fase de contrato. ?Se não houve contrato, não se pode falar em paralisação de repasses?, afirmou. Iatauro criticou a interpretação da prefeitura, de considerar retaliação política as etapas do processo de contratação.
De acordo com o secretário, atualmente há somente um contrato em andamento, no Bairro Alto, que é financiado pelo governo, e que representa um investimento de aproximadamente R$ 907 mil. ?É uma quantia que corresponde a 80% do custo total do projeto e não está havendo paralisação?, garante.
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Em mais um episódio da crise entre a prefeitura e o governo, ontem à tarde surgiu a especulação de que o presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos, teria sido preso pela Polícia Federal. De seu escritório de assessor especial de governo para Assuntos de Curitiba, Doático reagiu com ironia, dizendo que o ?sonho? não foi realizado. Segundo ele, o que ocorreu foi uma pequena discussão entre peemedebistas e a guarda municipal, que acompanhava um oficial de justiça. ?Havia a tentativa de impedir a distribuição do ?novo jornal? do PMDB. Fui para lá disposto a impedir que obstruíssem a entrega do material?, disse. A Guarda Municipal, por meio da assessoria da prefeitura, informou que não houve conflito com os peemedebistas, e que sua presença foi determinada pela Justiça.
O jornal a que se refere Doático é um boletim que o PMDB de Curitiba passou a distribuir ontem, cujo título é ?Veja como o Richa Filho mandou pagar pela 2.ª vez a estrada Curitiba – Garuva?. O material traz mais uma vez a denúncia de Requião contra o irmão do prefeito, José Richa Filho, a respeito de um pagamento do Departamento de Estradas de Rodagem, de cerca de R$ 10 milhões, que foi supostamente feito de maneira irregular a uma empreiteira.
Há cerca de duas semanas, a Justiça determinou a busca e apreensão de panfletos do PMDB de Curitiba, assim como a interrupção de sua distribuição, por entender que feriam a honra pessoal de Beto Richa. No novo material, o partido teve o cuidado de retirar os adjetivos contra o prefeito, que constavam nos folhetos anteriores.