O secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, disse ontem que o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), está tentando desviar o foco da discussão sobre a legalidade do pagamento feito à empresa DM Construtora de Obras. Iatauro disse que a única coisa que interessa ao governo é obter uma resposta da Justiça sobre a denúncia de que a empresa foi beneficiada com o pagamento duplo da obra contratada pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e se os recursos foram destinados à campanha eleitoral do prefeito ao governo do Estado. Iatauro reagiu às declarações do atual secretário de Obras de Curitiba e ex-diretor financeiro do DER, José Richa Filho, responsável pela autorização do pagamento à DM, de que teria presidido à sessão do Tribunal de Contas que deu parecer favorável à operação. ?Eu não estava na sessão. Não fui eu que assinei a resolução. E mesmo que estivesse, o Tribunal não autorizou o pagamento, mas deu parecer dizendo que a composição era possível, em tese, desde que a operação fosse vantajosa para o Estado?, explicou o secretário, que se aposentou no ano passado como conselheiro do Tribunal de Contas.
A obra que desencadeou a denúncia do governador se refere à duplicação do trecho Curitiba-Garuva e foi concluída e paga no seu primeiro mandato como governador, entre 91 e 95. Cópia do procedimento expedido pelo Tribunal foi distribuída ontem pelo secretário, mostrando que houve uma consulta do DER sobre a possibilidade de um acordo entre o poder público e a empreiteira, já que havia uma ação de perdas e danos tramitando na 2.ª Vara da Fazenda Pública, em Curitiba. O secretário também mostrou uma cópia da ordem de pagamento datada de 30 de dezembro de 2002, mostrando que José Richa Filho assinou a liberação dos recursos para a DM.
Iatauro comentou que ao assumir, em 2003, Requião recebeu a denúncia de que havia irregularidade no pagamento da empresa. E o fato de a ordem do pagamento ter sido assinada 48 horas antes do encerramento dos oito anos do governo Jaime Lerner aumentou as suspeitas do governador, disse o secretário da Casa Civil, lembrando que Requião havia recebido informações sobre a destinação dos recursos para fins eleitorais.
Estresse eleitoral
Iatauro não acredita que a disputa eleitoral do próximo ano, quando Beto deverá ser candidato à reeleição, esteja influenciando no acirramento do confronto com o governo do Estado. Embora citando que já houve um abalo político entre o governador e o prefeito na eleição do ano passado, quando Beto apoiou o senador Osmar Dias (PDT) no segundo turno da disputa para o governo, o chefe da Casa Civil acha que não há conteúdo eleitoral nesta crise. ?Tem muito tempo ainda para as eleições. Em nenhum momento, o governo falou o nome de um candidato a prefeito. O normal é que o governo tenha um candidato, mas este assunto ainda não está em pauta?, comentou.
Mas outros partidos estão entrando na discussão.