Candidatos à presidência estadual e nacional do PT lançaram ontem, em Curitiba, um manifesto em defesa da candidatura própria do partido ao governo do Paraná. Representantes de alas mais à esquerda do partido, identificados com os movimentos sociais, os candidatos Tadeu Veneri e Alfeu Capellari (à presidência estadual) e Marcos Sokol e Serge Goulart (à presidência nacional), além de Valter Pomar e Carlos Lima, que representaram, respectivamente, as candidaturas de Iriny Lopes e Geraldo Magela ao diretório nacional, não aceitam a aliança com PDT ou PMDB já no primeiro turno nos estados, nem como estratégia para fortalecer o palanque da presidenciável petista, ministra Dilma Rousseff.
“Abrir mão de uma candidatura própria e apoiar Osmar Dias significa ajudar a eleger um conhecido representante dos latifúndios, banqueiros e industriais. Enfim, um legítimo porta-voz dos nossos inimigos de classe e que governará contra os interesses dos trabalhadores e das bandeiras históricas de nosso partido”, diz o cabeçalho do abaixo assinado que circula na base do PT do Paraná.
O deputado estadual Tadeu Veneri disse que a questão não é o nome do candidato a ser apoiado, mas sim o programa do partido. “Nosso programa é pela candidatura própria. Não podemos fazer o inverso do que pensa a maioria do partido, que quer essa candidatura. Não se trata de um nome e sim de postura”, afirmou.
Questionado se não seria mais interessante para a construção do palanque de Dilma a aliança com um candidato mais bem cotado nas pesquisas, Veneri discordou.
“Quem vai fazer a campanha da Dilma serão os militantes petistas. Que sairão às ruas mais entusiasmados para defender um candidato que realmente os represente”, declarou. “O PT do Paraná está virando pó por conta dessa política de se ajoelhar para coligações. O PT quer a correção dos índices de produtividade da terra e o candidato dele no Paraná é contra? Precisamos de um candidato próprio, e de verdade”, emendou Capellari.
Os dois disputam no dia 22 de novembro a presidência estadual do PT contra o candidato do campo majoritário, secretário Ênio Verri, e Márcio Pessati, da Democracia Socialista.
Os candidatos à presidência nacional, que terão como principal adversário o deputado Ricardo Berzoini, candidato à reeleição, mostraram preocupação com o acordo firmado na noite de terça-feira que garante a candidatura a vice na chapa de Dilma ao PMDB e com o desdobramento disso nos estados.
“A candidatura nacional não pode ser ao preço de rifar as candidaturas nos estados. Esse carinho com o PMDB a ponto do presidente Lula desqualificar nosso líder no Senado é preocupante”, disse Marcos Sokol.
“Sou radicalmente contrário a essa aliança no mérito e no método”, disse Serge Goulart. “No mérito porque a carta de princípios do PT diz o que o partido pensa do PMDB, uma sigla do lado dos dominantes, contra o trabalhador. No método, porque passou a régua no congresso do partido, é inédito no PT, uma decisão sem que a base tenha sido consultada”, explicou.
O secretário de relações internacionais da Executiva Nacional do PT, que representou a candidata Iriny Lopes na coletiva tentou explicar a decisão da Executiva.
“Não é chapa fechada. O que existe é um protocolo de intenções. E é consenso na Executiva buscar os partidos da base para formar uma chapa única já no primeiro turno. O PMDB foi o primeiro a ser procurado e também é consenso que tenha a primazia da vice. Isso ainda terá de ser aprovado pelo congresso do PT e pela convenção do PMDB e não tem desdobramento nos estados”, disse.