O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixou uma entrevista coletiva convocada pelo pasta nesta quarta-feira, 4, sem responder a uma pergunta sobre se haverá uma troca no comando da Polícia Federal (PF).

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O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao jornal Folha de S Paulo na terça-feira, 3, disse que já conversou com Moro sobre mudança no comando da PF. “Está tudo acertado com o Moro, ele pode trocar o diretor-geral, Maurício Valeixo quando quiser”, disse o presidente.

Na semana passada Moro defendeu Valeixo, disse que estava realizando um trabalho “extraordinário”, ao mesmo tempo que defendeu o presidente Jair Bolsonaro, que vinha sendo alvo de críticos apontando afastamento do presidente das pautas de combate a corrupção que marcaram a campanha eleitoral.

O comentário de Bolsonaro torna clara a continuidade da pressão sobre Moro para que aceite a troca no comando da PF desejada pelo presidente, que não gosta de ser contrariado. Entre a cruz e a espada, se o ministro atender à solicitação do presidente e concordar com a saída de Valeixo, perderá o controle sobre a corporação.

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Nesta quarta-feira, o ministro participou por cerca de 3 minutos da entrevista coletiva sobre a 5ª fase da Operação Luz da Infância. Fez um panorama geral sobre a operação, que investiga autores de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet, e disse que precisava deixar o auditório porque tinha um outro compromisso.

Foi quando, perguntado sobre o comentário do presidente relacionado a uma troca do diretor-geral da PF, Moro manteve o silêncio e foi embora. Nem o Ministério da Justiça nem a Polícia Federal comentaram a declaração do presidente.

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Nos bastidores da PF, o clima segue sendo de apreensão quanto a uma possível mudança. Aliados de Valeixo na cúpula do órgão admitem reservadamente que podem entregar o cargo em caso de demissão.

A Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF) já se posicionou contra uma possível interferência de Jair Bolsonaro na PF. A associação disse que uma mudança imposta pelo presidente causaria instabilidade e que é preciso fortalecer a instituição por meio da aprovação no Congresso da autonomia da PF.

“Já falamos o que tínhamos para dizer. Agora é aguardar se vai vir o ato de troca concreto e, a partir daí, sim, nos manifestarmos”, disse nesta quarta-feira o presidente da ADPF, Edvandir Paiva.