O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o governo lutará até o fim para impedir a ‘politização’ do julgamento do TCU sobre o balanço das contas do ano passado da presidente Dilma Rousseff e criticou o PSDB. “Querem transformar um julgamento técnico em decisão de arena esportiva”, disse o ministro, em entrevista ao Estado. “Estamos há anos-luz de distância de uma base jurídica para impeachment.”
A tendência do governo é recorrer ao Supremo Tribunal Federal, caso o TCU reprove as contas de Dilma.
Sobrevivente da reforma ministerial, mesmo a contragosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cardozo garantiu que “jamais” vai interferir em investigações. “Se esperam que eu controle investigações, para favorecer amigos e para prejudicar inimigos, saibam que de mim jamais terão essa possibilidade.”
Cardozo afirma que o governo tem clareza da suspeição do ministro Augusto Nardes, relator do processo que julga as contas da presidente Dilma no TCU, e por isso pede ser afastamento. “Ele chegou a dizer que o Brasil não era uma Grécia, que faria história ao mudar a posição do TCU e que buscaria a rejeição das contas. Um magistrado não pode fazer isso. Queremos um julgamento em bases legais”, completa.
O ministro da Justiça diz ter ficado espantado com o fato de Nardes ter “recebido parlamentares de oposição e ter sido aplaudido por eles após sua manifestação”. Para Cardozo, também é curiosa a manifestação de líderes oposicionistas dizendo que estavam ‘marcando homem a homem’ ministros do TCU. “Essa é uma expressão que se usa para jogo de futebol. Querem transformar um julgamento técnico em decisão de arena esportiva. É lamentável”.
Aécio
Questionado sobre a frase do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, de que a ofensiva do governo sobre o TCU é uma ‘agressão à democracia’, o ministro se defende afirmando que “no dia em que uma petição for uma agressão à democracia, coitado do cidadão. Isso só pode ser fruto de mentes autoritárias que ainda hoje não assimilaram bem a democracia”.
Impeachment
Sobre a possibilidade de evitar o impeachment o ministro diz que o País está “há anos-luz de distância de uma base jurídica para impeachment”. “Mesmo os juristas que tentam fazer isso estão engajados numa luta com correntes oposicionistas (um deles é Hélio Bicudo, que se desfiliou do PT em 2005, após o escândalo do mensalão). Trata-se de uma tentativa de se politizar a questão. O que existe agora é uma base aliada coesa. Voltamos a ter governabilidade para sair da crise econômica”.
Lula
Cardozo diz que nunca ouviu nenhuma crítica a seu trabalho “diretamente do presidente Lula”. “Se alguém tem pretensão a aplausos unânimes, que nunca aceite ser ministro da Justiça. Se esperam que eu controle investigações, para favorecer amigos e para prejudicar inimigos, saibam que de mim jamais terão essa possibilidade.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.