Às vésperas de participar do encontro de peemedebistas de todo o País, hoje, 23, em Curitiba, o ex-governador Orestes Quércia divulgou uma carta endereçada ao presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, criticando a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se relaciona com o partido, um dos integrantes da coalizão no Congresso Nacional.
Na carta, Quércia diz que Lula estimula a divisão do PMDB e pede uma mudança de postura do partido. ?Não estou falando em retirar o apoio, mas em revisar a forma como está acontecendo?, disse o ex-governador, em entrevista por telefone a O Estado do Paraná.
Atual presidente do PMDB de São Paulo, Quércia vai repetir a crítica na reunião que terá hoje com o governador Roberto Requião (PMDB), os senadores Pedro Simon (PMDB) e Jarbas Vasconcelos e outros dirigentes do partido convidados a discutir o futuro peemedebista pelo diretório estadual do PMDB. O ex-governador acha que a interlocução de Lula com o PMDB deve ser feita pela executiva nacional e não de forma segmentada, como vem acontecendo.
Segundo Quércia, Lula conversa com várias lideranças ao mesmo tempo e o comando partidário é apenas uma das instâncias, quando deveria ser a única. O ex-governador diz que Lula negocia cargos com as diversas lideranças, fragilizando o comando nacional, que é mais um a ser procurado pelo governo ?nem sei no mesmo nível?.
Na abertura da carta a Temer, Quércia avisa que o PMDB de São Paulo não tem nenhuma reivindicação de qualquer cargo no governo federal e acha que o partido está desperdiçando a chance de cobrar de Lula o cumprimento das propostas feitas pelo partido quando aceitou entrar na base de Lula. Para Quércia, o PMDB está trocando a oportunidade em troca de pequenos cargos. Ele também afirmou que os atuais ministros peemedebistas são ?pessoas respeitáveis?, mas a indicação não foi discutida pelo partido. ?Foram nomeados pelo presidente?, disse.
Várias vozes
Para o encontro de Curitiba virão também outros descontentes do PMDB com o governo Lula, os senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE). Os dois chegaram a ser afastados da Comissão de Constituição e Justiça do Senado para não prejudicar a votação dos projetos de interesse do governo.
O presidente do PMDB do Paraná, Waldyr Pugliesi, afirmou que diversos setores do partido questionam a forma do diálogo do governo com o PMDB. ?Somos parte da base aliada e nós precisamos discutir essa parceria com profundidade. O partido como um todo tem que falar com o governo. Não apenas o senador tal e o deputado fulano?, comentou.
O dirigente peemedebista disse que há setores que torcem o nariz para reuniões como essa de amanhã. ?Mas o partido é plural e nós queremos nos reunir. Temos diversos assuntos a discutir, como por exemplo, o País e o que faremos nas eleições do ano que vem. Também vamos conversar sobre sucessão presidencial?, comentou.