Aconteceu nesta quarta-feira, dia 26 de setembro, o Debate SBT para Presidente, realizado em parceria com a Folha e o UOL. Estiveram no palco da emissora os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (Psol) e Cabo Daciolo (Patriota).
Durante o Debate, a Gazeta do Povo e a Tribuna do Paraná acompanharam tudo ao vivo e em Tempo Real. Após o Debate no SBT, apresentamos o quadro Quem Ganhou e Quem Perdeu: análise completa feita por jornalistas e colunistas da Gazeta do Povo.
Quem ganhou?
Madeleine Lascko, Editora do Blog A Protagonista
Cabo Daciolo ganhou o debate. Num país em que o eleitorado se divide entre um candidato que se consulta com um presidiário e outro que nem sabe quando sai do hospital, o tom de profeta bíblico, que expõe a moral farisaica dos poderosos que o rodeiam, passou a fazer sentido. Fugiu das polarizações, falou a língua do povo pobre, mostrou a arrogância do banqueiro, roubou das esquerdas o discurso de cotas e da valorização das mulheres.
Chega a ser divertido ver como ainda há quem classifique de absurdo o discurso de crente puro fogo quando os dois candidatos que lideram a corrida eleitoral – Bolsonaro e o mentor de Haddad – proferiram algumas das maiores barbaridades da história política do Brasil.
Sérgio Luis de Deus, editor de República
Fernando Haddad e Jair Bolsonaro lideram as intenções de voto em todos os institutos de pesquisa. Logo, são favoritos para irem ao segundo turno. Como Bolsonaro não estava no debate, porque segue em recuperação médica do ataque que sofreu, restava aos demais candidatos centrarem todas as críticas ao candidato do PT, literalmente encostá-lo na parede. Mostrar aos eleitores a crise que os governos petistas colocaram o país, o desemprego, a inflação, a corrupção, a ligação com Lula e tudo o mais. Tirando votos dele e impedindo a ida do PT ao segundo turno. Isso tudo aconteceu, mas Haddad sai do debate com poucos arranhões e mais forte do que nunca.
Evandro Éboli, Correspondente em Brasília
Difícil escolher um vencedor nesse debate do SBT, Folha e UOL. Alguns candidatos tiveram bons momentos, mas ninguém se destacou para ser apontado como o “campeão” desse encontro. Marina Silva teve uma atuação mais aguerrida se comparado a outros debates. Perguntada quem apoiará no segundo turno, numa eventual disputa entre Bolsonaro e Haddad, a candidata da Rede disse que estará no segundo turno e que conta com apoio das mulheres. Cantar vitória qualquer um pode, até o Cabo Daciolo (Patriota), que anunciou que será vitorioso no primeiro turno, com 51% dos votos. Mas o candidato do Patriota protagonizou bons momentos, e Guilherme Boulos, do PSOL, resumiu o sentimento geral ao dizer que todos já estavam com saudades de Daciolo. Ciro Gomes (PDT) é sempre eloquente, mas também não se destacou assim. No final, fez um apelo contra o voto útil e lembrou que as pesquisas o apontam como quem vence todos no segundo turno.
Fernando Martins, do Blog A Protagonista
Cabo Daciolo, mesmo com a jocosidade religiosa que traz, acabou roubando a cena tratando de temas importantes, como educação e igualdade entre homens e mulheres. Ele tem o dom da oratória quando fala às massas. Ainda assim, difícil de crer em sua profecia de vitória no primeiro turno.
Kelli Kadanus, Repórter de República
Jair Bolsonaro ganhou pela ausência. Como não estava no debate, não foi questionado sobre as polêmicas em torno de sua campanha nos últimos dias. Foi atacado pelos adversários, mas nada suficiente para fazer o capitão da reserva perder votos. E Ciro Gomes: o candidato do PDT se saiu melhor no debate. Conseguiu reagir com bom humor a provocações, controlou o temperamento e soube explicar bem suas propostas. Também pareceu seguro e bem preparado para o encontro e aproveitou oportunidades que teve para antagonizar com Bolsonaro e com Haddad. Com isso, pode ganhar o voto útil de quem não quer nenhum dos dois no segundo turno.
Giorgio Dal Molin, Editor de República
O público e o próprio SBT. O debate foi bom, rápido e com boas perguntas de jornalistas. Claro que houve a tradicional troca de farpas, mas os candidatos falaram mais sobre ideias do que em outros debates. No diálogo entre Meirelles e Haddad, comentou-se sobre continuidade do Prouni, inclusive com creches abertas enquanto mães estudam. Alckmin falou um pouco de infraestrutura. Alvaro e Marina comentaram sobre os 30 milhões de lares chefiados por mulheres e que seria necessário um choque de gestão, inclusive na área cultural. Em linhas gerais, o debate apresentou bons conteúdos. E teve, claro, o Cabo Daciolo.
Renan Barbosa, Editor de Ethos
Ganharam Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A tendência apontada pelas pesquisas é de um segundo turno entre os dois candidatos. Da maneira como o debate ocorreu, nenhuma presença – ou ausência, no caso de Bolsonaro – afeta esta tendência. Menção honrosa para Ciro Gomes (PDT), que está em terceiro lugar e mostrou a melhor estratégia para angariar votos úteis que rejeitam a polarização entre Bolsonaro e o PT. Pelas mesmas razões, perderam todos os demais.
Quem perdeu?
Madeleine Lascko, Editora do Blog A Protagonista
A arrogância de Meirelles, mandando todo mundo estudar quando contrariado, não contribuiu em nada para a imagem que já não atrai o eleitor. Alckmin tenta se colocar como terceira via, mas não seduz. Ciro ficou apagado e Marina tentou, mas não conseguiu falar às mulheres. Nada une tanto quanto o ódio. É ainda um plebiscito sobre Lula. O anti-PT x o #elenão parecem estar no coração do brasileiro.
Sérgio Luis de Deus, editor de República
Penso que a maioria dos candidatos presentes no antepenúltimo debate do primeiro turno na TV saíram derrotados. Porque não conseguiram reverter uma tendência de voto que se consolida cada vez mais entre Bolsonaro e Haddad. As maiores decepções foram Alvaro Dias, Henrique Meirelles e Marina Silva, que só fazem desidratar na preferência do eleitorado. A candidata da Rede tentou mostrar uma postura diferente, mais crítica e partindo para o ataque. Mas nada disso parece sensibilizar o eleitor. Ela ainda deu uma cartada final, apelando para o voto feminino, lembrando que havia ali sete candidatos homens e apenas uma mulher, como se a eleição para presidente fosse uma questão de gênero. Já os discursos de Alvaro (“Abre o Olho”) e do candidato do MDB (“Chama o Meireles”), além de não colar, cansaram. E não sou eu que estou falando. São as pesquisas de opinião.
Evandro Éboli, Correspondente em Brasília
Alvo de quase todos, Fernando Haddad continua sem traquejo em debates. Não foi bem novamente. Se por estratégia ou não, ou mesmo temperamento, não agride tanto seus adversários na mesma moeda com que é atacado. Teve até ouvir críticas do velho aliado Ciro Gomes, que negou apoio ao petista num eventual segundo turno. Geraldo Alckmin (PSDB) tem respostas boas para perguntas que tratam de sua administração, mas tem que conviver em todos os debates com questionamentos sobre a corrupção de tucanos. Alvaro Dias, do Podemos, mostrou a que veio nessa campanha: evitar a vitória do PT. Henrique Meirelles (MDB) foi o Meirelles de sempre: não fez diferença no encontro. Ainda disse que não foi banqueiro na vida, mas, sim, “bancário”.
Fernando Martins, do Blog A Protagonista
A ausência de Bolsonaro é muito sentida. Tanto que, pela primeira vez, passou quase despercebido no debate. Isso pode pesar negativamente para quem assume a alcunha da massa de pão: quanto mais bate, mais cresce.
Kelli Kadanus, Repórter de República
Marina Silva: A candidata evitou confrontos durante o debate e acabou ficando apagada. Teve um momento com o tom mais pesado ao interagir com Haddad, mas não conseguiu se destacar. Marina manteve os mesmos assuntos de sempre e não conseguiu se sobrepor a Ciro, Haddad e Alckmin, que a deixaram para trás nas pesquisas.
Giorgio Dal Molin, Editor de República
Fernando Haddad não consegue se destacar muito nesses encontros. Definitivamente, Haddad não é Lula. Eu mesmo comentei que Marina Silva e Alvaro Dias falaram sobre os lares chefiados por mulheres, mas esses dois candidatos tiveram alguns problemas. Alvaro pareceu em alguns momentos o Alckmin – apelidado de Picolé de Chuchu. Alvaro foi fraco especialmente quando sabatinado pelos jornalistas no segundo bloco, e ficou na mesmice. A Marina se repete muito nos debates – até Cabo Daciolo foi melhor ao comentar a importância das mulheres na sociedade.
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