A situação é a mesma em quase todos os municípios do Paraná. Independente do partido, os prefeitos empossados dia 1.º elegeram a redução de gastos como a primeira medida de impacto. Em alguns casos, mais drásticos, foi decretada moratória. A situação em que vários prefeitos encontraram seus municípios é desanimadora, mas não tem saída: eles têm que colocar a casa em ordem o mais rápido possível.
Em Matinhos, no litoral do Estado, o prefeito Francisco Carlim dos Santos (PSDB), o Xiquinho, ainda não tem o número exato da dívida do município. Mesmo assim, decretou moratória de trinta dias, além de mandar sustar todos os cheques emitidos pela Prefeitura nos últimos três dias de 2004. Xiquinho está pedindo os credores de Matinhos que compareçam à Prefeitura para negociar suas dívidas. "Encontramos o município com dívidas de água, luz e telefones cortados, que já renegociamos. Estamos sem carros também, já que grande parte deles era locada. Na conta do município só sobrou R$ 85 mil", revelou, destacando que ainda estão sendo emitidos os carnês do IPTU, que normalmente são entregues em dezembro.
Outro município que adotou a política do "devo, não nego, pago quando puder e tiver certeza que é isso mesmo que devo", foi Arapongas. O prefeito Beto Pugliese (PMDB) decretou uma moratória por noventa dias. Segundo ele, é público que o município tem R$ 40 milhões em dívidas, que já foram roladas. Porém, durante a transição, a antiga administração informou que havia R$ 85 mil empenhados e R$ 86 mil em caixa, restando um superávit de R$ 1 mil. "Minha surpresa foi quando assumi e descobri que temos R$ 3,1 milhões em dívidas, além de uma folha de pagamento inchada. Decretei moratória, pois temos que pagar os funcionários e renegociar com os fornecedores", afirmou. Pugliese destacou que os credores de Arapongas têm créditos desde R$ 90,00 até R$ 660 mil. "Não vou dar calote em ninguém. Mas tenho que colocar ordem na casa", afirmou.
O prefeito de Arapongas é sobrinho do secretário de Estado dos Transportes, Waldyr Pugliese. "Tenho informação que o orçamento da secretaria dos Transportes com publicidade é de R$ 400 mil por ano. Pois a administração anterior de Arapongas pagou R$ 450 mil somente para um jornal que tem circulação semanal na cidade. Vou investigar e se for o caso denunciar aos órgãos competentes", prometeu.
Foz do Iguaçu também suspendeu o pagamento de seus fornecedores por sessenta dias. O prefeito Paulo MacDonald Ghisi (PDT) pretende, nesse período, fazer uma análise de todos os contratos e valores acertados. Ontem, MacDonald anunciou que não irá permitir a nomeação de cargos de confiança do terceiro escalão. Essa medida vai representar uma economia neste primeiro mês de R$ 528 mil.
Controlar gastos é o primeiro passo
Nem todos os prefeitos eleitos no ano passado e que encontraram os municípios em péssimas condições finaceiras, e que resolveram apertar o cinto, optaram por uma medida radical, como a moratória. Um desses casos é o do prefeito Beto Richa (PSDB), em Curitiba. O prefeito da capital paranaense decidiu criar uma comissão interna de controle de contas, que analisará todos os gastos do município durante os próximos três meses.
Já em Guaratuba, no litoral paranaense, o prefeito Miguel Jamur (PT do B) chegou até a pensar em decretar uma moratória, mas mudou de idéia. Todavia, já avisou que a dívida de R$ 6 milhões de seu município só será paga por completo nos próximos dois anos. "Não posso ficar sem fazer nada só pagando contas", salientou, convidando os credores para nova negociação.
Em Cascavel também houve boato de moratória, mas o prefeito Lisias Tomé (PPS) apenas mandou os seus secretários serem mais criteriosos na realização de obras. A primeira ordem do prefeito é não gastar. Mas, se for necessário, somente os setores essenciais estão liberados.
