Quebra de sigilo ameaça ex-diretores do Banestado

A CPI do Banestado na Assembléia Legislativa decidiu ontem pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal de quatro ex-diretores da instituição já ouvidos por ela: Osvaldo Rodrigues Batata (ex-diretor de Controle), Sérgio Eloi Druscz (ex-diretor de Operações), Gabriel Nunes Pires Neto (ex-diretor de Câmbio e de Operações) e Alaor Alvim Pereira (ex-diretor de Administração). A decisão gerou grande polêmica entre os membros da comissão, que acusam o presidente, deputado Neivo Beraldin (PDT), de agir isoladamente, sem discutir com os colegas as providências a serem tomadas. A relatora, deputada Elza Correa (PMDB), ameaçou deixar a sessão para ouvir a bancada de seu partido sobre as iniciativas propostas por Beraldin. Ela disse aos jornalistas que a condução dos trabalhos “está equivocada”.

O deputado Nelson Justus (PFL) também não escondeu seu descontentamento, principalmente em relação à forma açodada como o presidente da comissão propôe a quebra do sigilo bancário de pessoas e empresas citadas durante as investigações. Apesar do clima tenso e dos desentendimentos que vêm se acentuando a cada sessão, a CPI volta a se reunir na segunda-feira, às 8h30, para ouvir os demais ex-diretores que aprovaram operações envolvendo as empreiteiras DM Construções Ltda e Rodoférrea Construções de Obras Ltda., consideradas irregulares pelo Banco Central. São nove ex-diretores, o que indica que será uma longa sessão.

Além disso, a reunião realizada ontem serviu para colher os depoimentos do ex-gerente da agência do Banestado nas Mercês, em Curitiba, João Marreze de Sousa, e a ex-chefe da Mesa de Operações de Crédito Nerilma Strumbeck Custódio, que havia sido citada na sessão anterior pelo também ex-funcionário da Mesa de Operações, José Henrique Friedrich.

Depoimentos

Marreze relatou ter sofrido pressões em duas operações que tiveram início na agência bancária que gerenciava em Curitiba. E que elas teriam vindo da Banestado Leasing e da Diretoria de Operações do banco. Num dos casos, que se referia à recomposição de dívida da empresa Trombini, Papéis e Embalagens no valor de R$ 33 milhões, o comitê da agência não emitiu parecer por falta de elementos técnicos. No outro, com a Bavariun Park Restaurante e Choperia, deu parecer contrário. Logo após essas divergências, Marreze foi demitido.

Nerilma Strumbeck Custódio afirmou que a atuação da Mesa de Negócios era definida pelo Termo de Compromisso de Gestão com o Banco Central, que era informado e acompanhava as negociações realizadas. Admitiu que quando havia um pré-acordo em instâncias mais altas, a Mesa não emitia pareceres técnicos sobre as negociações. Segundo ela, também por falta de elementos.

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