A dez dias do fim do prazo para o fechamento das alianças e a confirmação das candidaturas para as eleições de outubro, o quadro sucessório no Paraná está em plena ebulição. As articulações correm soltas e no centro delas estavam ontem o PMDB e o PSDB. O pré-candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, admitiu ontem que tem afinidades com os tucanos do Paraná e que seu partido está completamente aberto para coligações. As declarações de Requião foram feitas após um café da manhã em sua casa, em Curitiba, com o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB). A conversa provocou uma avalanche de especulações sobre a possibilidade de uma troca de cabeça de chapa para o governo, com a retirada da candidatura do tucano Beto Richa e sua substituição por Requião, reproduzindo a aliança nacional no Paraná.
“Qualquer conversa futura entre o PMDB e PSDB parte de uma premissa de que há uma grande identidade entre as ações do meu governo e o do Richa (José Richa)”, disse o senador. Ele ressalvou que a conversa não foi conclusiva, mas citou que há pontos comuns entre os dois partidos. “Chegamos à conclusão de que foram dois governos com uma preocupação social. O programa “Clic Rural” do Richa foi o Programa Equivalência e Produto do nosso governo. O “Mutirão” do Richa foi o nosso “Casa da Família”, do nosso governo”, comparou o senador peemedebista.
Requião negou que houvesse abordado com Brandão a possibilidade de inversão na chapa. “Não recebi proposta nenhuma nesse sentido. E nem serei eu a propor. O PSDB tem um candidato que é o Beto Richa e que está tentando se viabilizar. Não vou interferir nisso”, afirmou.
Combustível
A ida do governador Jaime Lerner (PFL) a Brasília, ontem à tarde, oficialmente para participar de uma solenidade no Palácio do Planalto de liberação de recursos para o Plano Nacional de Segurança reforçou as versões de que estaria em curso um acordo entre tucanos e peemedebistas. Segundo essas versões, Lerner teria ido pedir ao presidente Fernando Henrique Cardoso que evite essa aproximação entre tucanos e peemedebistas no Paraná. A assessoria do governador não confirmou a agenda política de Lerner, informando apenas que ele participou de uma cerimônia coletiva com outros governadores no Palácio do Planalto.
O PFL aprovou na convenção do sábado passado a aliança com os tucanos, mas surgiu um impasse da indicação de um candidato ao Senado, que o PSDB preferia reservar para o PPB, que diante da dificuldade, passou a negociar com o PDT e o PMDB.
Vale tudo
Brandão não quis fornecer detalhes do encontro com Requião. Afirmou apenas que até o próximo dia 30 todas as hipóteses devem ser consideradas e que seu partido pode avançar bastante nas negociações com o PMDB. “A preocupação maior é com o Paraná, que deve estar acima de picuinhas. Temos espaço para todos numa grande composição”, afirmou o presidente da Assembléia. E acrescentou: “Esse jogo só se define no último minuto do segundo tempo.”
Nos bastidores, surgiram várias teses para justificar uma reaproximação entre tucanos e peemedebistas, entre elas a de que a candidatura do senador José Serra à Presidência da República precisa de um palanque forte no Paraná. A avaliação seria a de que a candidatura de Beto Richa atravessaria um momento de fragilidade, desencadeado pela dificuldade em fechar as alianças, podendo comprometer o desempenho de Serra no Paraná.
Encontro
Além do PSDB, Requião também manteve contatos com o PPB, que está buscando a melhor proposta para uma composição. Por conta do impasse pefelista sobre o lançamento de candidato ao Senado, o PPB passou a buscar alianças com o PDT e o PMDB. Anteontem, Requião conversou com o presidente estadual do PPB, deputado federal José Janene, e no mesmo dia, já de volta a Curitiba, teria recebido à noite, em sua casa, um grupo de pepebistas para tentar costurar um acordo. Entretando, as informações ontem eram de que o PPB estaria mais próximo de um acordo com o pré-candidato do PDT, ao governo, o senador Álvaro Dias.
