Ainda que a senadora Marina Silva (AC) não tenha batido o martelo sobre a sua permanência no PT, lideres do PV articulam um leque de apoio que dê envergadura eleitoral à eventual candidatura da ex-ministra do Meio Ambiente ao Planalto em 2010. O presidente nacional da legenda, o vereador José Luiz de França Penna (SP), já fala em diálogos com PSB, PPS, PSOL e PDT. “Vamos marcar alguns encontros e cumprir uma agenda mais pontual para as próximas semanas”, antecipou. “Mas antes precisamos ter uma resposta da Marina Silva sobre se ela aceitará o nosso convite.”
O primeiro passo do partido será a escolha de um nome que componha uma chapa mista com a eventual candidata do PV. Entre lideranças da sigla consultadas pela Agência Estado, o nome do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é unanimidade. “O PDT é um bom partido e o Cristovam se animou bastante com o convite que fizemos a Marina”, disse Penna. “Resta saber se ele toparia agregar valor à nossa candidatura.”
Outros nomes como o da presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, e o da presidente da Comissão da Amazônia e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados, Maria Helena (PPS-RR), também são apostas de membros do partido. “Temos muitas alternativas em mente. Mas nenhuma se compara à de Cristovam. Ele é quase consenso entre os verdes”, avalia uma liderança do PV.
Desde a reunião que selou o convite do PV para que Marina Silva dispute a Presidência da República em 2010, em 29 de julho, Cristovam Buarque já estava cotado pela Executiva Nacional da legenda para ser o vice da ex-ministra em uma eventual candidatura. Além de ser um nome conhecido pelo eleitorado brasileiro – o parlamentar disputou a sucessão ao Planalto em 2006 -, o pedetista agregaria conteúdo ao programa do partido, que pretende passar por uma “refundação” para 2010, diz o líder do PV. Intelectual e professor universitário, Cristovam é um dos maiores entusiastas de um sistema educacional básico de qualidade no País.
“Nós conversamos por telefone e ele tem colaborado bastante com ideias que a sigla pode adotar em seu programa partidário”, disse Penna. O carro-chefe da campanha do PV em 2010 é a proposta de implementação de um desenvolvimento sustentável no País. Contudo, a sigla tem consciência de que um palanque monotemático não vence eleições. O partido tem dialogado nos últimos dias com intelectuais e acadêmicos para a inovação de suas referências programáticas. “Temos também de dar resposta aos outros problemas do País, como segurança e saúde”, propõe o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).
Biografia
Em conversa com interlocutores, Cristovam manifestou o desejo de ser candidato a vice de Marina em uma eventual eleição, caso o PDT não tenha candidatura própria. O senador anunciou às suas bases no Distrito Federal que “não voltará tão cedo” a disputar como cabeça de chapa uma sucessão ao Planalto. De acordo com correligionários do senador, ele teria dito “que não ficaria bem para a sua biografia” entrar em uma corrida eleitoral sem chances de vitória.
Uma alternativa que surgiu também nas últimas semanas é a possibilidade de o PV disputar a Presidência da República com uma chapa puro-sangue, o que Penna avalia ser uma hipótese para ser levada em conta apenas se não houver um nome competitivo de outra legenda. “Esse negócio de puro-sangue é coisa para cavalo”, brincou o vereador. “Vamos articular com outros partidos. Só com alianças se vence uma eleição.” Caso a sigla opte por um dos integrantes do quadro partidário, lideranças do PV apontam que o nome mais indicado é o do deputado Gabeira.