Pugliesi rompe silêncio e diz que governos vivem de crises

O presidente estadual do PMDB e líder da bancada do partido na Assembléia Legislativa, deputado Waldyr Pugliesi, disse que a carta de demissão do procurador Sérgio Botto de Lacerda desgasta o governo, mas não tem o potencial de destruição que os adversários do governador Roberto Requião (PMDB) tentam imprimir ao episódio.  

Único dos peemedebistas mais próximos a Requião a comentar o assunto, em meio ao silêncio geral que se seguiu à saída de Botto de Lacerda do governo, quebrado apenas por uma nota oficial da direção da Copel, Pugliesi afirmou que conflitos fazem parte do dia-a-dia do poder.

?Disputas internas sempre existiram. Todo o governo é assim. Este não é exceção?, afirmou Pugliesi que, na quarta-feira passada, data em que Botto de Lacerda tornou pública a carta, disse que o texto causa frisson na oposição, mas não abala o governo. Pugliesi disse que, além de rancor contra o governador, a carta do procurador mostra seu descontentamento com outros grupos do governo, mas não expõe nenhum questionamento concreto sobre a administração peemedebista.

E que, por isso, o texto não mereceu uma reação em cadeia dos aliados do governador. ?A nota da Copel foi a resposta do governo e a meu ver, suficiente?, disse o líder, referindo-se às críticas feitas à direção da Copel (que também é acionista da Sanepar) à conduta de Botto, acusado de negociar com o consórcio Dominó, o sócio minoritário da Sanepar, contra os interesses do Estado.

Para Pugliesi, ao contrário da acusação feita pelo procurador na carta, Requião não está sendo omisso em relação às denúncias de irregularidades em sua administração. ?Ele está sendo ponderado. Tudo aquilo que apareceu e gerou suspeita foi encaminhado para o Ministério Público. Muitas vezes, as pessoas acham que o governador tem que cortar cabeças a torto e a direito. Não é assim. É preciso manter o equilíbrio em uma situação que é sempre de confronto. Vi isso nos governos do Álvaro, do Richa, do Lerner?, disse o presidente estadual do partido.

Pugliesi citou até mesmo a revolução russa como exemplo de lutas internas pelo poder. ?Lenin fez a Revolução Socialista da União Soviética. E, quando ele veio a falecer, uma grande batalha se travou dentro do Movimento Revolucionário. O (Josef) Stálin de um lado e (Leon) Trotsky do outro lado. As coisas são assim?, comparou.

Estilo

A multiplicação dos conflitos internos no atual governo também está associada ao estilo de governar de Requião, acredita Pugliesi. ?O Requião tem essa maneira de atuar. Ele coloca no mesmo setor pessoas que não simpatizam umas com as outras. De um lado, isto dá um efeito interessante porque gera uma fiscalização mútua. Isso é um ponto positivo porque a autofiscalização é algo bom para o poder público. Mas também pode criar situações desgastantes?, analisou o presidente do PMDB.

Pugliesi acha que a origem dos conflitos não é apenas interna. ?O ataque não vem de um ponto só. Vem de fora e de dentro?, afirmou o presidente estadual do PMDB, afirmando que o governo deve extrair algumas lições do episódio.

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